O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, anunciou nesta terça-feira (08/11) que o primeiro-ministro Silvio Berlusconi vai renunciar ao cargo assim que forem aprovadas no Parlamento as medidas de austeridade para contornar a crise da dívida pública do país. “Uma vez concluído esse compromisso, o presidente do Conselho de Ministros entregará seu mandato ao chefe de Estado, que procederá às consultas tradicionais, dando total atenção às posições e propostas de cada força política, tanto da maioria produzida pelas eleições de 2008, quanto da oposição”, disse Napolitano por meio de nota oficial.
Efe
Berlusconi chamou os oito parlamentares de sua base que faltaram para manter a maioria de “traidores”
O pacote anticrise, que inclui a submissão da Itália à supervisão da União Europeia, foi firmado na última reunião do G-20, com a UE e o BCE (Banco Central Europeu). O acordo busca equilibrar a situação fiscal da Itália, que tem a maior dívida pública da União Europeia, equivalente a 120% do PIB (Produto Interno Bruto).
Nesta terça, o premiê perdeu a maioria parlamentar durante a votação do orçamento e viu sua situação à frente do governo ficar insustentável. Berlusconi já vinha sendo alvo de duras críticas na Itália há mais de um ano, tanto por sua condução do país diante da crise, como por seu estilo de vida excêntrico. O premiê se viu envolvido em seguidos escândalos sexuais, além de acusações de corrupção.
No comunicado, o presidente Giorgio Napolitano disse que Berlusconi reconheceu as implicações da votação de hoje na Câmara dos Deputados e expressou profunda preocupação com a necessidade de responder às expectativas dos “sócios europeus”. Na saída do encontro de uma hora com o presidente, Berlusconi, disse que só considera a convocação de eleições antecipadas como solução possível para a formação de um novo governo no país, mas destacou que o presidente da República é quem deverá decidir isso.
Perda da maioria
Por 308 votos a favor, nenhum contra e apenas uma abstenção, o governo de Berlusconi conseguiu aprovar as contas do ano passado graças a postura da oposição que em bloco decidiu não participar da votação em um ato de “responsabilidade” com relação à estabilidade do país.
A oposição, capitaneada pelo PD (Partido Democrático, de centro-esquerda) se absteve da votação, exatamente para mostrar quantos deputados ainda estão com Berlusconi. O líder opositor Pier Luigi Bersani, pediu a renúncia de Berlusconi, diante da falta de apoio majoritário. Em declaração no plenário da Câmara Baixa, Bersani pediu ao premiê que deixe o presidente da República, Giorgio Napolitano, buscar uma solução para a atual situação do país
O líder da Liga Norte, Umberto Bossi, partido de extrema direita que era o principal aliado ao PdL (Povo da Liberdade, legenda de Berlusconi) pediu pela manhã que o premiê “desse passagem”. Ele não apresentou objeção ao nome de Angelino Alfano, secretário do PdL e ex-ministro da Justiça, como substituto de Berlusconi. No momento, ele é o mais cotado para assumir o cargo.
*Com agências internacionais
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