O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, condenou a decisão do novo governo norte-americano, liderado por Donald Trump, de voltar a incluir a ilha caribenha na lista de países “patrocinadores do terrorismo”.
A decisão do republicano ocorreu logo após assumir para um segundo mandato a Presidência dos Estados Unidos na segunda-feira (20/01).
“O presidente Trump, em ato de arrogância e desprezo pela verdade, acaba de restabelecer a fraudulenta designação de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo. Não surpreende. Seu objetivo é continuar fortalecendo a cruel guerra econômica contra Cuba com fins de dominação”, diz o texto publicado pelo governante cubano.
Díaz-Canel afirmou ainda que o resultados das “medidas extremas” aplicadas unilateralmente por Washington “foi provocar carências em nosso povo e um incremento significativo do fluxo migratório de Cuba aos Estados Unidos”.
“Esse ato de zombaria e abuso confirma o descrédito dos mecanismos unilaterais de coerção do governo dos EUA”, disse.
Já o chanceler cubano Bruno Rodríguez também desqualificou a decisão de Trump, afirmando que o magnata “mente” ao decidir contra Cuba.
“Ébrio de arrogância, o presidente Trump decide sem motivos que Cuba patrocina o terrorismo. Sabe que mente. Seu empenho é aumentar o castigo e a guerra econômica contra as famílias cubanas. Causará danos, mas não dobrará a firme determinação do nosso povo. Venceremos”, publicou ele em suas redes sociais.
Inclusão na lista é internacionalmente criticada
A inclusão de Cuba na lista é amplamente criticada por diversos países que a considera uma decisão politicamente motivada e desproporcional, já que não há evidências de apoio ao terrorismo por parte de Cuba.
Apesar de ter sido promessa de campanha de Joe Biden, o agora ex-presidente dos Estados Unidos só retirou Cuba da lista na última semana de seu governo em ato agora anulado por Trump.
Paralelamente, o governo de Cuba aceitou libertar 127 militantes anticomunistas após decisão de Biden e acordo com Igreja Católica.
O bloqueio econômico a Cuba dura já 63 anos e foi ampliado mais de uma vez, com poucos períodos de pequena flexibilização.

Cuba criticou retorno à lista de países patrocinadores do terrorismo
De acordo com estimativas do governo cubano, o bloqueio causou prejuízos acumulados de aproximadamente US$ 164 bilhões até outubro de 2024. Só entre 2022 e 2023, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que Cuba perdeu US$ 13 milhões por dia por causa do bloqueio.
Além do decreto contra Cuba, Trump ameaçou os países membros do BRICS. Ele disse que se persistirem com a ideia de usar moedas locais ao invés do dólar em suas transações comerciais, ele imporá taxas de importação de 100% sobre os produtos dos países do bloco.
“Eles precisam de nós. Nós não precisamos deles. Vão desistir”, disse Trump na segunda-feira à noite.
63 anos de asfixia econômica
A inclusão de Cuba na lista agrava os efeitos do bloqueio econômico. Ela possibilita ao governo dos Estados Unidos não só impedir o comércio direto entre seu país e o território cubano, como impor sanções a quaisquer empresas do mundo que também o faça, assim como a instituições financeiras que lhe forneçam crédito ou realizem simples transferências de dinheiro.
Isso dificulta as importações de bens essenciais, como alimentos, medicamentos e combustíveis, assim como a atração de investimentos estrangeiros. Também pode levar à suspensão de programas de ajuda ou financiamento por parte de instituições internacionais, mesmo em programas humanitários.
A decisão tem impacto direto sobre a qualidade de vida da população cubana porque intensifica a crise econômica do país, provocando com escassez de produtos básicos, aumento do desemprego e da migração forçada.