A partir da próxima segunda-feira (1º), os cubanos serão submetidos a um plano de racionamento de energia elétrica delineado pelo governo, preocupado com o aumento do consumo desde o início do ano. O planejamento não descarta apagões e inclui diminuição do ritmo da economia, da produção industrial e do racionamento da energia doméstica em toda a ilha caribenha.
De acordo com o ministro da Economia e Planejamento, Marino Murillo, nos quatro primeiros meses de 2009, o país excedeu em 3% o consumo planejado pelas autoridades, o equivalente a 40 mil toneladas de petróleo a mais da capacidade. A diferença chegou a até 8% em abril e, segundo Murillo, o mês de maio já está com números “alarmantes”.
“Para Cuba, é impossível pagar por um maior consumo de combustível, somente para manter a atual demanda por eletricidade”, disse Murillo.
Em Cuba, não é a geração de energia que preocupa, mas sim a quantidade de combustível utilizada para gerar eletricidade, que não pode ser ampliada além do planejado pelo governo. O país destinará 225 mil toneladas de combustível acima do volume definido, com custo adicional de 90 a 100 milhões de dólares. Atualmente, o país gasta 2,6 bilhões dólares por dia com geração de eletricidade, feita pelas termoelétricas que consumem petróleo.
Como o setor residencial diminuiu o consumo em 2,6% em relação a 2008, o governo não sabe informar precisamente quais são as causas do aumento da demanda, mas garante que serão apuradas durante o período de racionamento. Um dos motivos que podem ser apontados são as ligações ilegais de energia, que chegam a três mil em todo o país. Somente na província de Matanzas, na zona central da ilha, há cerca de 1.750 delas.
Segundo os dados oficiais, o consumo residencial aumentou nas províncias de Ciego de Avila, Villa Clara, Cienfuegos, no centro da Ilha, e Granma, na região oriental.
No ano passado foram distribuídos e substituídos aparelhos existentes, como panela de pressão, geladeiras, televisores, ar condicionado.
Plano
A meta do setor estatal é reduzir em 12% o consumo, principalmente nas fábricas. Para isso, todas as fábricas, empresas e centros de trabalho devem fazer um relatório diário do consumo de energia.
Por conta do racionamento, a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) foi revisto pelo governo, de 6% para 2% em 2009.
O ministro avisou também que serão dadas férias coletivas e estabelecidos cortes programados do fornecimento de eletricidade para as famílias, mas tentarão não afetar “a hora de cozinhar”.
Relatos
Desde matérias com o título “Racionamento ou morte”, a um longo editorial escrito por Lazaro Barredo, o diretor do jornal Granma, os órgãos oficiais da imprensa cubana publicaram chamadas para que a população poupe energia elétrica em todos os dias da última semana.
“O grande medo dos cubanos é que voltem os apagões do 'Período Especial'”, disse ao Opera Mundi Enrique Lopez Oliva, jornalista residente em Havana. Os cortes de energia duravam cerca de dez horas e eram frequentes no início da década de 1990, quando Cuba sofria os efeitos da crise econômica causada pelo fim da União Soviética e o fim da venda de petróleo a preços especiais.
“Melhoraram muito nos anos últimos anos, mas os apagões nunca desapareceram totalmente. As justificativas eram várias: fortes ventos ou manutenções na rede de transmissão”, completou.
O preço da energia elétrica varia de acordo com o consumo. Se utilizar mais de 300 KWH se paga um peso e trinta centavos por KWH consumido. Se gastar menos KWH, diminui a tarifa.
O Conselho de Administração pede que cada residência consuma no máximo 200 megawatts/hora por dia.
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