Segunda-feira, 16 de junho de 2025
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O governo de Cuba determinou a suspensão de atividades não essenciais a partir desta segunda-feira (21/10) até a próxima quarta (23/10), após a chegada do furacão Oscar ao leste do país no último domingo (20/10). A decisão ocorre em meio a um apagão no sistema de eletricidade na ilha caribenha.

“Dada a iminente passagem do furacão Oscar pelo nosso país e o período de recuperação que se segue, bem como as obras que estão sendo realizadas para restaurar o sistema elétrico nacional, foi decidido suspender as atividades administrativas não essenciais e as atividades letivas”, informou um comunicado do Partido Comunista de Cuba.

Desde as primeiras horas da madrugada, as condições meteorológicas começaram a se deteriorar, causando fortes tempestades e o crescimento do mar, segundo o Centro de Previsão do Instituto Meteorológico de Cuba (Insmet).

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Com ventos de até 130 quilômetros por hora, o furacão afetou as províncias orientais de Guantánamo, Santiago de Cuba, Holguín, Granma, Las Tunas e Camagüey. Na manhã desta segunda, o fenômeno reduziu-se a 4 quilômetros por hora, registrando apenas chuvas intensas sobre Guantánamo.

O presidente cubano, Míguel Díaz-Canel anunciou o envio de equipes para as províncias cubanas afetadas pelo fenômeno, enquanto apenas hospitais e serviços vitais para a população continuam a funcionar.

O governo cubano também informou que o apoio às províncias estava sendo reforçado e afirmou que “as brigadas estão prontas para a recuperação no menor tempo possível”, acrescentando que “foram dadas indicações precisas para garantir o atendimento ao nosso povo”.

Espera-se que o centro do furacão permaneça sobre o território cubano durante toda a segunda-feira. O fenômeno mudará seu curso para o norte e depois, uma vez no mar, para o nordeste, indo novamente em direção às Bahamas.

Crise no sistema elétrico

A chegada do furacão Oscar a Cuba ocorre em um momento crítico, em que a ilha se encontra em meio a um apagão histórico que tem deixado o país sem energia desde sexta-feira (18/10).

A falta de energia ocorreu poucas horas depois que o governo declarou, na quinta-feira (17/10) que o país enfrentava uma “emergência energética”. Há meses Cuba está sofrendo apagões prolongados, com um déficit de cobertura nacional de até 30%. A situação foi se agravando nos dias que antecederam a quinta-feira, chegando a 40% da cobertura nacional sem energia elétrica.

No entanto, na manhã da sexta-feira, uma falha na Termelétrica Antonio Guiteras, a mais importante do país, causou um apagão que deixou o país inteiro às escuras.

Na noite do último domingo (20/10), o Ministério de Energia e Minas de Cuba informou que o Sistema Elétrico Nacional (SEN) sofreu outro apagão, e “os trabalhos de restauração começaram imediatamente”.

Assim, o apagão maciço já se prolongou por 72 horas. A recuperação da eletricidade prossegue lentamente em um processo complexo que se tornou ainda mais difícil devido ao clima.

Segundo a agência de notícias TeleSUR, citando a Havana Electric Company, 50% dos clientes de Havana já tiveram o serviço de eletricidade restabelecido. Em respaldo, o ministro de Energia e Minas, Vicente de la O Levy, declarou que cerca de 160 mil clientes já têm energia elétrica na capital do país.

Já o diretor-geral da União Elétrica (UNE) de Cuba, Lázaro Guerra Hernández, declarou que a solução foi possibilitada após a operação de usinas solares flutuantes no país.

Presidencia Cuba/X
Governo de Cuba declarou que pretende restaurar o sistema de energia até a próxima terça-feira (22/10)

A falta de eletricidade prejudica as comunicações do país ao mesmo tempo em que impacta no abastecimento de água, já que os motores que bombeiam a água utilizam eletricidade.

O governo declarou que pretende restaurar o sistema de energia até a próxima terça-feira (22/10). No entanto, também advertiu que a possibilidade de superar o atual apagão dependerá dos danos causados pelo furacão Oscar, já que as províncias afetadas pela tempestade concentram vários geradores de energia dos quais o país depende.

Em coletiva de imprensa no último domingo (20/10), o ministro Vicente de la O Levy, descreveu a situação como “muito tensa”, explicando que os problemas de geração insuficiente de energia no país se devem a “falhas nas usinas termoelétricas do país e dificuldades na importação de combustível”.

Também agradeceu as manifestações de solidariedade de diversos países, como Colômbia, México, Venezuela, Rússia e Barbados. Nesse sentido, O Levy afirmou que as autoridades dessas nações manifestaram seu apoio e expressaram disposição de colaborar da maneira que Cuba considerar necessária para lidar com a delicada situação.

Outra manifestação de apoio veio da Aliança Bolivariana dos Povos da Nossa América (ALBA-TCP). Por meio de uma nota, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Dominica, Antigua e Barbuda e São Vicente e Granadinas reafirmaram sua “mais absoluta e forte solidariedade com o povo e o governo cubanos, tendo em vista a atual situação energética pela qual estão passando”.

Em sua análise, a crise energética que o país enfrenta “é consequência da guerra econômica, da perseguição financeira e da perseguição ao fornecimento de combustível” pelo bloqueio imposto pelos Estados Unidos.

“A política de pressão máxima por meio de medidas coercitivas unilaterais e o bloqueio são cruéis e desumanos, e foram categoricamente rejeitados pela maioria dos países do mundo”, denunciou.

A China também manifestou-se de forma similar, instando os Estados Unidos a levantarem o embargo e as sanções impostas a Cuba. Durante uma conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, destacou que o embargo infligiu danos significativos ao desenvolvimento econômico e social de Cuba, afetando profundamente a vida de sua população.

Como funciona o sistema elétrico de Cuba?

A eletricidade de Cuba é gerada por oito usinas termelétricas que têm mais de 35 anos. Trata-se de uma infraestrutura obsoleta que exige reparos constantes. Ademais, o ministro responsável informou que além dos frequentes consertos, o bloqueio imposto pelos Estados Unidos à Cuba impede a importação de peças de reposição.

Toda vez que as usinas termelétricas precisam ser retiradas de serviço para reparos, isso causa os apagões que o país sofre. Ao mesmo tempo, as usinas termelétricas precisam de combustível para funcionar, que o país tem de importar.

Assim como o restante das importações, a compra de combustível também é prejudicada pelo bloqueio que o país sofre. Estima-se que as importações de energia custem ao Estado cubano até três vezes mais do que o preço médio internacional.

Diante disso, o governo do presidente Miguel Díaz-Canel criou uma frente de emergência para lidar com a crise, o Conselho de Defesa Nacional. Reunidos no domingo, o mandatário do país garantiu que “os trabalhos para estabilizar o SEN e adquirir combustíveis e peças sobressalentes estão sendo feitos”, em meio ao apagão e à passagem do furacão Oscar.

O governo cubano também apresentou uma nova estratégia para estabilizar o SEN, reorganizando a produção de eletricidade por região. Isto inclui a criação de grupos nas zonas oeste e leste do país, bem como no centro, para otimizar o funcionamento das unidades térmicas.

Díaz-Canel ainda denunciou “a guerra econômica que levou à falta de abastecimento estável, impedindo o funcionamento normal do sistema de eletricidade”, referindo-se ao embargo norte-americano.

(*) Com Brasil de Fato e TeleSUR