Denúncia de abuso sexual contra subsecretário pode colocar gestão Boric em xeque no Chile
Oposição articula pedido de acusação constitucional após presidente admitir que sabia do caso que envolve Manuel Monsalve, ex-funcionário do Ministério do Interior
Partidos da oposição de extrema direita no Chile apresentaram nesta sexta-feira (18/10) um pedido ao Ministério Público local para que produza um informe sobre possível cometimento de crime por parte do presidente Gabriel Boric, com relação a um caso de abuso sexual envolvendo um ex-alto funcionário do seu governo.
Se trata de Manuel Monsalve, que apresentou sua renúncia nesta quinta-feira (17/10) e deixou de ser subsecretário do Interior após uma denúncia de abuso sexual aceita pela Procuradoria Central de Santiago.
O possível crime teria ocorrido no Hotel Panamericano, a poucas quadras do Palácio de La Moneda, no dia 22 de setembro passado.
Leia também:
Tribunal revoga decisão contra Daniel Jadue mas o mantém em prisão domiciliar
Chile inaugura ‘Caminhada da Memória’ em homenagem às vítimas da ditadura de Pinochet
Porém, o mandatário chileno ofereceu uma coletiva à imprensa local na noite da mesma quinta-feira, na qual admitiu que Monsalve o procurou na terça-feira para comunicá-lo sobre os acontecimentos pelo qual seria acusado, e que naquela mesma conversa ele informou que tentou ter acesso às câmeras de segurança do hotel antes de a Polícia de Investigações (equivalente chilena à Polícia Civil brasileira) ser acionada.

Presidência do Chile
Boric aceitou renúncia do subsecretário do Interior, Manuel Monsalve, após o funcionário ser acusado de abuso sexual
Segundo as siglas de extrema direita Partido Republicano (PR) e União Democrata Independente (UDI), o Ministério Público deve averiguar se o presidente Boric, ao saber da infração cometida por Monsalve ao tentar ter acesso às câmeras de segurança e não agir imediatamente demitindo o funcionário e solicitando sua investigação, poderia ter cometido crime de encobrimento da denúncia.
O chefe da bancada do partido UDI na Câmara, Gustavo Benavente, afirmou ao diário local El Mercurio que Boric “tinha o dever de denunciar o delito assim que o então subsecretário o informou do ocorrido, esse lapso de dois dias entre a conversa entre ambos e o pedido de renúncia aceito pelo presidente precisa ser investigado”.
Benavente assegura que, caso o Ministério Público conclua que Boric cometeu infração no caso, a oposição apresentará uma denúncia para pedir a destituição do mandatário.
Por sua parte, o agora ex-subsecretário Monsalve disse à Rádio Universidad de Chile que tem “a convicção absoluta de que não cometi nenhuma conduta que constitua crime, portanto, no âmbito da investigação provarei a minha inocência”.
Com informações de El Mercurio e Rádio Universidad de Chile.