Partidos da oposição de extrema direita no Chile apresentaram nesta sexta-feira (18/10) um pedido ao Ministério Público local para que produza um informe sobre possível cometimento de crime por parte do presidente Gabriel Boric, com relação a um caso de abuso sexual envolvendo um ex-alto funcionário do seu governo.
Se trata de Manuel Monsalve, que apresentou sua renúncia nesta quinta-feira (17/10) e deixou de ser subsecretário do Interior após uma denúncia de abuso sexual aceita pela Procuradoria Central de Santiago.
O possível crime teria ocorrido no Hotel Panamericano, a poucas quadras do Palácio de La Moneda, no dia 22 de setembro passado.
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Porém, o mandatário chileno ofereceu uma coletiva à imprensa local na noite da mesma quinta-feira, na qual admitiu que Monsalve o procurou na terça-feira para comunicá-lo sobre os acontecimentos pelo qual seria acusado, e que naquela mesma conversa ele informou que tentou ter acesso às câmeras de segurança do hotel antes de a Polícia de Investigações (equivalente chilena à Polícia Civil brasileira) ser acionada.
Segundo as siglas de extrema direita Partido Republicano (PR) e União Democrata Independente (UDI), o Ministério Público deve averiguar se o presidente Boric, ao saber da infração cometida por Monsalve ao tentar ter acesso às câmeras de segurança e não agir imediatamente demitindo o funcionário e solicitando sua investigação, poderia ter cometido crime de encobrimento da denúncia.
O chefe da bancada do partido UDI na Câmara, Gustavo Benavente, afirmou ao diário local El Mercurio que Boric “tinha o dever de denunciar o delito assim que o então subsecretário o informou do ocorrido, esse lapso de dois dias entre a conversa entre ambos e o pedido de renúncia aceito pelo presidente precisa ser investigado”.
Benavente assegura que, caso o Ministério Público conclua que Boric cometeu infração no caso, a oposição apresentará uma denúncia para pedir a destituição do mandatário.
Por sua parte, o agora ex-subsecretário Monsalve disse à Rádio Universidad de Chile que tem “a convicção absoluta de que não cometi nenhuma conduta que constitua crime, portanto, no âmbito da investigação provarei a minha inocência”.
Com informações de El Mercurio e Rádio Universidad de Chile.