Denúncias da ONU (Organização das Nações Unidas) e da UA (União Africana) alertaram para o desaparecimento aliados tanto de Kadafi quanto dos rebeldes. De acordo com as entidades, um grande número de pessoas teria sido executada após perseguições ou detenções durante o conflito.
Nesta terça-feira (30/08), o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville, afirmou que covas foram descobertas e novas informações foram obtidas sobre execuções pelos combatentes de Kadafi dias antes da perda do controle total de Trípoli. “Pedimos aos membros do regime de Kadafi que nos revelem onde estão os prisioneiros, antes que morram mais pessoas”, pediu.
Questionado sobre o número de desaparecidos, o porta-voz disse que a ONU não pode comprovar nenhum número – como o de 50 mil, divulgada pelos rebeldes -, apesar de ter confirmado que “é grande”, além de esclarecer que os desaparecimentos correspondem não só aos últimos seis meses de conflito, mas também às quatro décadas em que Kadafi se manteve no poder.
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“É extremamente importante que esses crimes, assim como outras graves violações aos direitos humanos e do direito humanitário internacional, sejam documentados e investigados adequadamente”, afirmou Colville.
Já a denúncia da UA diz respeito a execução de negros pelas forças rebeldes, que estariam os “confundindo” com mercenários a serviço de Kadafi. De acordo com o presidente da UA, Jean Ping, este é um dos motivos pelos quais a entidade continental ainda não reconheceu o CNT (Conselho Nacional de Transição) como governo interino do país. “O CNT parece confundir pessoas negras com mercenários”, declarou Ping na segunda-feira (29/08).
“Todos os negros são mercenários para o CNT. Isto significa que um terço da população da Líbia, que é negra, também é feito de mercenários”, denunciou. “Eles estão matando pessoas, trabalhadores comuns, maltratando-os”, concluiu.
Os rebeldes, porém, negam as acusações e garantem que nenhum tipo de discriminação está sendo cometido pelo CNT. “Essas acusações foram feitas nos primeiros dias da revolução. Isso nunca aconteceu. Se aconteceu, foram as forças de Kadafi”, acusou Abdel-Hafiz Ghoga, porta-voz do CNT.
Africanos subsaarianos
As acusações do presidente da UA vêm após denúncias de grupos internacionais de defesa dos direitos humanos, que na semana passada afirmaram que na Líbia imigrantes procedentes de países da África subsaariana têm sido detidos e espancados indiscriminadamente.
A denúncia preocupou o Alto Comissário para Refugiados, António Guterres, que nesta manhã fez um forte apelo para que os africanos subsaarianos sejam protegidos na Líbia.
O ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) entrou em contato diretamente com alguns negros que vivem no país, e de acordo com os relatos a população africana subsaariana sequer tem conseguido sair de casa para buscar suprimentos com medo das perseguições.
“Se eles virem que você é africano, que você é negro, você se tornará um alvo”, contou ao ACNUR Ahmed, um somali que vive em Trípoli como professor universitário desde 2007. Ele permaneceu na cidade desde o início dos violentos protestos anti-governo em fevereiro, mas afirma que agora que os rebeldes tomaram a cidade, ele deseja partir, mesmo sem ter recebido ameaças.
Segundo o ACNUR, a perseguição contra os negros se intensificou depois que veio à tona a informação de que alguns africanos subsaarianos trabalharam como mercenários para o regime de Kadafi. Muitos deles então fugiram para os vizinhos Egito e Tunísia, mas centenas de outros permaneceram na Líbia, principalmente os vindos do Níger.
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