Atualizada às 15h
Em meio à crise que enfrenta, alimentada por uma série de denúncias de financiamento ilegal, o chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, disse nesta segunda-feira (15/07) que não cogita deixar o cargo. Líderes da oposição pediram sua renúncia devido a um escândalo sobre o suposto financiamento ilegal do PP (Partido Popular), denunciado pelo ex-tesoureiro do partido Luis Bárcenas, preso desde o final de junho.
Efe
Rajoy fala a jornalistas em Madri. Ele disse que não irá renunciar frente às seguidas denúncias de financiamento ilegal
“Vou defender a estabilidade política e vou cumprir o mandato dado a mim pelos eleitores espanhóis”, disse Rajoy em coletiva de imprensa. Ele disse que o escândalo não atrapalharia seu programa de reformas políticas.
Bárcenas, que trabalhou por 20 anos no partido, vazou para o jornal espanhol El Mundo mensagens de texto trocadas com Rajoy. Em uma das mensagens enviadas a Bárcenas em 2012, o líder do PP teria dito: “Luis, nada é fácil, mas fazemos o que podemos. Ânimo”. Em outra, ele teria escrito: “Luis, eu entendo. Seja forte. Eu te ligo amanhã. Abraços”. Rajoy negava ter tido contato com Bárcenas antes da eclosão do escândalo.
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Nesta segunda, após ser interrogado sobre a denúncia do El Mundo, Bárcenas afirmou ter pagado vencimentos não declarados a Rajoy e à secretária-geral do partido, María Dolores Cospedal, quando o PP estava na oposição. “Entreguei a Rajoy e Cospedal dinheiro vivo em 2008, 2009 e 2010”, disse, confirmando reportagem de janeiro do El País, que publicou apontamentos de Bárcenas, datados de 1990 a 2008, que davam conta da existência de uma contabilidade paralela no PP. Segundo Bárcenas, foram entregues mais de 90 mil euros entre 2009 e 2010 a Rajoy e Cospedal.
As receitas registadas por Bárcenas violam a lei de financiamento partidário por ultrapassarem limites de donativos ou por virem de entidades proibidas de financiar partidos. Quanto às despesas, os complementos de salário não declarados ao fisco, além de Rajoy, surgem outros antigos ministros de José María Aznar.
Imprensa
Após a coletiva de imprensa concedida por Rajoy em Madri, jornalistas espanhóis denunciaram que a primeira pergunta feita ao chefe de governo teria sido combinada. De acordo com a repórter do El Mundo, Marisa Cruz, o combinado era que ela e um colega da Agência Efe poderiam questionar Rajoy, mas assim que a coletiva começou, a assessoria de imprensa do governo selecionou o repórter do ABC, que fez uma pergunta “branda”, permitindo que o líder do PP explicasse sua versão pros fatos.
“No final (…), quando os jornalistas foram até o representante do ABC para encontrar uma explicação à sua pergunta, este detalhou que havia recebido uma chamada prévia do diretor, Bieito Rubido, que lhe ditou o texto que devia ser formulado para Rajoy”, escreveu Cruz.