A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou ontem (18) à noite o projeto que antecipa as próximas eleições legislativas nacionais de outubro para 28 de junho. Após dez horas de discussão, 136 deputados votaram a favor e 109, contra. Houve oito abstenções. Eram necessários pelo menos 129 votos (a metade mais um) para que o texto fosse enviado ao Senado, que já começou a analisá-lo na manhã de hoje.
A eleição legislativa renova a metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. A presidente Cristina Kirchner, autora do projeto, alegou que, antecipando as eleições, o governo poderá concentrar esforços para combater a crise econômica na Argentina. Recentemente, ela afirmou que essa crise é a pior vivida pelo país nos últimos cem anos.
Houve desentendimento entre os deputados aliados e da oposição. Jorge Landau, da Frente para a Vitória, pertencente à base governista, afirmou que a mudança é “bastante razoável, principalmente por conta do contexto internacional de crise financeira”.
O deputado Agustín Rossi, da mesma coligação, defendeu que a alteração não vai prejudicar ninguém porque tem como objetivo “comprimir” o processo eleitoral e superar a crise até o segundo semestre.
“Debilidade”
Os críticos alegam que não faz sentido levar a população às urnas no auge de uma crise como essa. Questionam também se, com a mudança, haverá tempo suficiente para os candidatos se prepararem.
A deputada Silvia Augsburger, do Partido Socialista, afirmou que a medida é antidemocrática por atrapalhar a preparação dos candidatos. “Além de demonstrar uma debilidade e falta de previsibilidade do governo, prejudica o país. Discutir medidas para a crise econômica não é um motivo plausível”, disse em entrevista ao Opera Mundi, por telefone.
O deputado Pedro José Azcoiti, da UCR (União Cívica Radical), aponta fraqueza da administração de Cristina Kirchner. “Foi um grande erro [tentar] mudar a data das eleições. Trata-se de uma especulação eleitoral, uma conspiração do governo porque em junho, os efeitos da crise econômica serão menores do que seriam no final do ano. Isso mostra que o governo não está preparado para superar a crise”.
Para aprovar o projeto, o Senado precisa votá-lo até 28 de março, três meses antes da nova data prevista para as eleições.
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