A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira (06/09) o aumento da venda de produtos manufaturados brasileiros para a China. Os dois países participaram da cúpula do G20, em São Petersburgo. A princípio, a economia seria o tema-chave do encontro, mas foi ofuscado pelo conflito na Síria.
O Brasil quer espaço para vender produtos manufaturados na China, deixando de exportar quase exclusivamente commodities, afirmou. “É importante vender valor agregado”, disse a presidente brasileira.
A parceria entre empresas brasileiras e chinesas das áreas de logística e energia também foi destacada por Dilma e a China foi convidada para participar dos processos licitatórios de rodovias, portos e aeroportos do Brasil. A presidente lembrou também das áreas de ciência, tecnologia e inovação.
Sandro Fernandes/Opera Mundi
Dilma Rousseff conversou com jornalistas pouco antes de embarcar de volta para o Brasil
Reunião
Dilma fez um relato de como foram as discussões econômicas nas reuniões do G20. Segundo ela, ficou claro que “todos os participantes” constataram “o papel do G20 na coordenação de medidas macroeconômicas”.
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Os indícios de recuperação econômica de alguns países desenvolvidos, como Estados Unidos e Espanha, também foram destacados no encontro. Todos concordam, no entanto, que estes indícios ainda são frágeis e que precisam de incentivo. Porém, para a presidente, não se pode buscar apenas a estabilidade. “Medidas de expansão devem ser combinadas com a estabilidade”, explicou.
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Outro aspecto avaliado no G20, segundo a chefe de Estado brasileira, foi a reforma no Fundo Monetário Internacional (FMI). Cumprir as quotas (já acordadas) de acordo com o PIB de cada país foi colocado como essencial pelo G20. A evasão tributária e os paraísos fiscais, que já haviam sido criticados pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, também foram lembrados por Dilma durante entrevista coletiva a jornalistas. “Este é um consenso entre os países do grupo dos 20”, declarou.
Desemprego
O desemprego nos países desenvolvidos foi outro tema debatido pelas maiores potências do mundo. Estima-se que haja pelo menos 200 milhões de desempregados do mundo. Dilma citou a situação brasileira, destacando que a taxa de desemprego no país é uma das mais baixas entre os países do bloco, variando entre 5,6 e 6%.
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O G20 propôs uma discussão sobre este problema do desemprego, que Dilma classificou de “a consequência mais perversa da crise”.
Em entrevista a Opera Mundi, o professor Marcello Bolzan, coordenador e professor de Economia do IDEG (Instituto de Desenvolvimento e Estudos de Governo), explicou que é esperada uma aproximação comercial EUA-União Europeia no cenário internacional. Segundo ele, esta aproximação pode desviar alguns fluxos comerciais para a relação norte-norte. Dessa maneira, os países exportadores de produtos comercializáveis que não participam deste novo concerto podem ser prejudicados. “É fundamental, neste momento, uma aproximação dos países em desenvolvimento”, concluiu Bolzan.