O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Loekke Rasmussen, disse que a Groenlândia poderá se tornar independente se seus habitantes assim desejarem, mas que não se tornará um estado norte-americano.
A declaração foi dada em coletiva nesta quarta-feira (08/01), um dia depois o presidente eleito nos Estados Unidos Donald Trump não descartar o uso da força militar para se apossar da ilha que ele já tentou comprar.
“Reconhecemos plenamente que a Groenlândia tem suas próprias ambições. Se elas se materializarem, pode tornar-se independente, mas dificilmente com a ambição de se tornar um estado federal dos EUA”, disse o ministro dinamarquês.
Apesar disso, ele foi conciliador e declarou que considerava legítimas as crescentes preocupações dos EUA com a segurança no Ártico por causa do aumento da atividade russa e chinesa na região.
Abertos a negociações
“Não estamos em uma crise de política externa. Estamos abertos dialogar com os norte-americanos sobre como cooperar mais estreitamente para que suas ambições se cumpram”, disse ele.
Os EUA já mantêm uma base militar na Groenlândia desde a Segunda Guerra Mundial. A primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen disse não acreditar na possibilidade de uma intervenção militar de Washington na ilha.
Nem todos os países europeus, entretanto, foram tão conciliadores diante das ameaças de Trump de anexar a Groenlândia.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, advertiu Trump contra ameaças às “fronteiras soberanas” da União Europeia (UE).
União Europeia defenderá suas fronteiras
“Não há dúvida alguma de que a União Europeia não permitirá que outras nações do mundo, sejam elas quem forem, ataquem suas fronteiras soberanas”, disse o ministro francês na terça-feira (07/01) em entrevista de mais de uma hora à rádio France Inter.
Embora não acredite que os EUA vão invadir a Groenlândia, Barrot lembrou que “entramos numa era em que vemos a volta da lei do mais forte”.
No mês passado, Trump declarou que a posse da ilha era uma “necessidade absoluta” para a “segurança econômica e militar” dos Estados Unidos. A Dinamarca e a própria Groenlândia, que é um território autônomo com sua própria primeira-ministra, responderam que a ilha não está a venda.
A maior ilha do mundo quer independência
Com apenas 57 mil habitantes, a Groenlândia é a maior ilha do mundo. Foi colonizada por vikings noruegueses e pertence a Dinamarca desde 1814 (sendo que Dinamarca e Noruega eram uma nação só até 1814).
Com a invasão da Dinamarca pelos nazistas durante a Segunda Guerra, a Dinamarca se aproximou comercialmente dos EUA e do Canadá.
Em 1979, a ilha tornou-se estado autônomo do Reino da Dinamarca. Muitos groenlandeses, como a atual primeira-ministra, almejam a independência e a possibilidade de um referendum para isso está em discussão.
Além de sua localização estratégica, a Groenlândia é uma ilha muito rica em recursos naturais raros e essenciais à várias tecnologias de ponta.