Diversos setores ameaçam fazer greve durante Jogos Olímpicos de Paris
Ferroviários, aeroportuários e até artistas que vão participar da cerimônia de abertura farão manifestações esta semana e não descartam paralisação
A poucos dias do início dos Jogos Olímpicos, que começam nesta sexta-feira (26/07) em Paris, pelo menos dois setores já anunciaram que poderão entrar em greve durante o período das competições, que vai até o dia 11 de agosto. Cerca de 15 milhões de visitantes estão sendo esperados na capital francesa e em sua região, Île de France, durante as Olimpíadas e Paralimpíadas, de 28 de agosto a 8 de setembro.
Os funcionários dos aeroportos parisienses e muitos dos artistas que vão participar da cerimônia de abertura no rio Sena não descartam uma paralisação.
A Força Operária, um sindicato minoritário da empresa que gerencia os aeroportos de Paris, anunciou que poderia entrar em greve de 24 horas na sexta-feira (26/07). Os trabalhadores exigem mais “concessões salariais” e um aumento de 300 euros para mil euros no bônus que será pago aos funcionários no período dos Jogos.
Segundo um comunicado divulgado pela imprensa, o sindicato considera que o acordo assinado em 16 de julho com a direção levou apenas a “progressos parciais e modestos” e “gerou um sentimento de descontentamento” entre os assalariados.
No dia 26 de julho, de 18h30 à meia noite, as autoridades francesas decretaram uma “interdição temporária” do tráfego aéreo em um raio de 150 km em torno da capital – a área inclui os aeroportos de Roissy-Charles-de-Gaulle, Beauvais e Orly.
A medida integra o conjunto de ações destinadas à segurança envolvendo a cerimônia de abertura. As companhias aéreas foram informadas dessa proibição em 2023 e adaptaram sua agenda de voos.
Artistas também ameaçam paralisação
O sindicato que defende os artistas, ligado à CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), uma das maiores organizações sindicais da França, também anunciou no início da noite de domingo (21/07) que poderia entrar em greve no dia da cerimônia de abertura da Olimpíada.
A decisão foi tomada após uma reunião com o comitê organizador da competição que, segundo a instituição sindical, “não rendeu frutos”.
O sindicato denuncia “desigualdades gritantes de tratamento” entre os artistas recrutados para as cerimônias. Os dançarinos, músicos e atores ameaçam fazer greve no dia da cerimônia e nos ensaios para os Jogos Paralímpicos.
A CGT diz que vem alertando a empresa Paname 24, que realiza a produção executiva das cerimônias, sobre práticas contratuais que não estão em conformidade com o acordo coletivo de empresas artísticas e culturais.
Um membro do sindicato explicou à AFP na quarta-feira (17/07) que as condições dos contratos de cerca de 250 e 300 dançarinos, dos 3 mil que participarão dos shows, são “vergonhosas”. A organização desmente a acusação.
“Após a verificação, pudemos constatar que nosso prestador de serviços, Paname 24, cumpriu rigorosamente a lei, respeitando os acordos coletivos que devem ser aplicados à profissão de dançarino”, disse à AFP uma porta-voz dos organizadores dos Jogos Olímpicos.
No dia 26 de julho, a partir das 19h30, cerca de 3 mil dançarinos, músicos e atores vão protagonizar um espetáculo inédito às margens do Sena, em um trajeto de seis quilômetros que terminará na Torre Eiffel.
Saúde, transporte, segurança e turismo
Sindicatos da polícia civil, militar e o corpo de bombeiros conseguiram negociar bônus antes do início das competições, segundo o jornal Libération. Os ferroviários da SNCF, a companhia metropolitana de trens, também obtiveram benefícios excepcionais para garantir o bom funcionamento do transporte no período.
Após cinco dias de greve em fevereiro, os funcionários da Torre Eiffel foram atendidos em algumas reivindicações, como melhor direito de controle sobre a gestão financeira do monumento.
Greve em pronto-socorro
A CGT, o maior sindicato dos profissionais da saúde que atuam no pronto-socorro do hospital Georges Pompidou, no 15° distrito da capital, também anunciou uma greve no dia 11 julho, que poderia ser prolongada.
Os funcionários denunciam as condições de trabalho, que pioram no verão com a falta de profissionais, e exigem um bônus de 2 mil euros durante o período da Olimpíada.
Outros setores saíram no prejuízo. Este é o caso do setor de hotelaria, segurança privada e trabalhadores clandestinos, que não fizeram progressos significativos, apesar dos movimentos grevistas.