O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou neste sábado (29/01) dois generais para ocupar cargos importantes no Estado, uma medida que não evitou a continuação de protestos políticos no Egito.
O general Ahmed Shafiq, até agora ministro de Aviação Civil, recebeu a missão de formar um novo governo no Egito, informou a televisão pública. Shafiq substitui no cargo Ahmed Nazif, que apresentou sua renúncia a pedido do presidente Hosni Mubarak.
Já o chefe dos serviços de Inteligência do Egito, general Omar Suleiman, tomou posse ncomo novo vice-presidente do país, cargo que estava vacante desde que o líder Hosni Mubarak assumiu o poder em 1981.
“Juro preservar o regime democrático republicano e a Constituição, os interesses do povo, a estabilidade da pátria e a integridade territorial”, afirmou Suleiman em sua posse.
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O governo egípcio apresentou sua renúncia depois que Mubarak anunciasse na noite de sexta-feira (28/01), em sua primeira mensagem à nação desde que surgiram os protestos, que tinha decidido substituir o Gabinete e nomear neste sábado outro que assumisse novas funções.
As nomeações de Suleiman e Shafiq se produzem no meio de uma profunda deterioração na segurança pública no Cairo e outras cidades do país, e no calor das manifestações que se intensificaram na sexta-feira.
Reações
As mudanças no Estado para tentar acabar com a crise foram consideradas insuficientes tanto pelos cidadãos como pela oposição, entre eles o prêmio Nobel da Paz Mohamed El Baradei, que qualificou a designação dos dois generais como uma “mudança de figuras”.
“É a hora do Mubarak renunciar; se não, Egito vai entrar em colapso”, afirmou em declarações à emissora Al Jazeera El Baradei, que ressaltou que o presidente tem que “dar passagem a um processo democrático”.
Protestos
Por sua parte, dezenas de milhares de egípcios seguem manifestando-se no centro da capital, em um claro desafio ao toque de recolher, que começou às 16h do horário local (12h do horário de Brasília).
A praça Tahrir, epicentro dos protestos dos últimos dias, já amanheceu ocupada por centenas de cidadãos que foram somados ao longo do dia novos manifestantes para pedir a saída de Mubarak.
“Não nos serve a cassação do Governo. Isso não é suficiente. Estamos aqui para exigir que Mubarak abandone o poder”, assegurou o jovem Walid Gamal à Agência Efe.
Gamal, que todos os dias saiu às ruas e levava um cartaz que dizia: “30 anos. Vete já”, em referência às três décadas que o presidente egípcio ocupa o cargo.
Em muitas regiões, os cidadãos organizaram patrulhas urbanas, que armadas com estacas de madeira e barras de ferro tinham o objetivo de vigiar as ruas e combater os atos de vandalismo, perante a ausência de policiais.
Embora a maioria dos protestos deste sábado se desenvolveu em um ambiente pacífico, vigiados exclusivamente pelas tropas do Exército, se produziram alguns incidentes, como o ocorrido na sede do Ministério do Interior, no centro do Cairo.
Ali, três pessoas morreram em enfrentamentos a tiros entre a Polícia e um grupo desconhecido, informaram à Agência Efe fontes dos serviços de segurança.
As vítimas se somam às dezenas de mortos e mais de 1,5 mil feridos registrados nestes violentos protestos, que em um princípio começaram a pedir reformas políticas no país e agora estão dirigidas a exigir a renúncia de Mubarak.
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