Economia mexicana deve ter maior contração em 50 anos
Economia mexicana deve ter maior contração em 50 anos
As eleições mexicanas de hoje (5) acontecem no meio duma das piores crises econômicas das últimas décadas. A atividade econômica deve sofrer uma violenta recessão, de acordo com as previsões divulgadas na semana passada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e pelo Banco Mundial, por conta da diminuição da demanda das exportações, do consumo interno e do ritmo de produção industrial.
Em 23 de junho, o Banco Mundial estabeleceu uma contração de 5,8% do produto interno bruto (PIB) em 2009. No dia seguinte, a OCDE, liderada por Angel Gurría, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e das Finanças, divulgou uma avaliação de contração de 8%, a maior dos últimos 50 anos.
Esta avaliação é publicada depois de conhecer o resultado do começo do ano. O PIB da segunda maior economia latino-americana se retraiu em 8,2% nos primeiros três meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2008, o pior resultado desde a crise de 1995. Em relação ao quarto trimestre de 2008, a queda foi de 5,9%.
Tratado de livre-comércio
O ministro do Trabalho e da Segurança Social, Javier Lozano Alarcón, advertiu que, a menos que a economia do país comece a se recuperar em breve, mais pessoas voltarão a viver em estado de pobreza. Ele mencionou a possibilidade de mais crianças serem obrigadas a trabalhar, em vez de permanecer na escola, e que isso conduziria a níveis de pobreza, voltando ao que havia há 10 anos.
A previsão foi feita com base na recessão da economia dos Estados Unidos, maior parceiro comercial do México. Desde a assinatura do tratado de livre-comércio de Nafta, com EUA e Canadá, a dependência do México em relação ao seu grande vizinho aumentou de maneira espetacular. recessão que vive o país vizinho abalou os principais pilares da economia mexicana: exportações, investimento estrangeiro e turismo.
Outro efeito da crise nos Estados Unidos foi a queda brutal das remessas enviadas no país pelos milhões de imigrantes mexicanos. No ano passado, os imigranes mandaram cerca de 25 bilhões de dólares, o que representa a primeira fonte de divisas do país, ultrapassando o petróleo e o turismo. Calcula-se que o número deve cair de pelo menos 10% esse ano. O tamanho da crise incentivou o Fondo Monetário Internacional (FMI) a dar uma linha de crédito especial de US$ 40 bilhões ao México.
Impacto da gripe A
Analistas ressaltam também as consequências do surto de gripe A. “O surto de influenza e os contínuos problemas das montadoras poderiam ter contribuído de forma adicional para o desastre”, segundo relatório da OCDE. Alguns economistas calculam que a doença deve provocar uma queda de um ponto percentual no PIB.
A produção industrial está diminuindo. Em 17 de Junho, a agência de estatísticas oficiais, o Inegi (Instituto Nacional de Estatistica e Geografia), informou que a produção industrial diminuiu 13,2% em relação ao ano anterior. Em maio de 2009, a taxa oficial de desemprego atingiu 5,3%. No mesmo período no ano passado, a taxa foi de 3,24%.
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No relatório, a OCDE fez críticas à política mexicana em função da resposta do país à crise econômica. No começo de maio, o governo do México anunciou um pacote de US$ 2 bilhões em estímulos fiscais e concessão de crédito para minimizar as perdas econômicas por conta da gripe A, além nos juros pelo banco central. A instituição alega que a resposta fiscal para a crise poderia ter sido mais bem orientada e que o governo poderia ter feito mais para aliviar as pressões inflacionistas por meio da redução de preços. Houve, ainda, a orientação para que o governo defina uma melhor estratégia orçamental de médio prazo.
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