A volta de cerca de 200 mil imigrantes egípcios que trabalhavam na Líbia provocou efeitos negativos em regiões pobres do Egito, onde a população local — em situação vulnerável e de insegurança alimentar — dependia das remessas de dinheiro. A imigração egípcia era uma das mais numerosas na Líbia, com cerca de 1,5 milhão de pessoas.
A OIM (Organização Internacional de Migrações) apresentou nesta terça-feira (01/11) o resultado de uma pesquisa realizada entre egípcios que abandonaram a Líbia a partir do março devido ao conflito entre as forças de Muamar Kadafi e os rebeldes.
Com o retorno dos imigrantes, a região de Fayoum perdeu uma fonte vital, as remessas, que representavam 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Muitas famílias egípcias recebiam uma quantia estimada de US$ 33 milhões anuais.
De acordo com o estudo da OIM, os egípcios necessitam agora de assistência para começar uma vida nova, pois 60% descartam voltar à Líbia ou emigrar para outro país. A maioria planeja permanecer em sua terra natal, um desejo que em parte está relacionado com a esperança que uma transição democrática no Egito ajude o desenvolvimento econômico e gere empregos.
Outros confessaram em reuniões com colaboradores da OIM que as situações traumáticas que viveram na Líbia fizeram desistir de voltar a esse país. Segundo a OIM, a assistência financeira é a alternativa mais realista para permitir que este grupo fique no país, já que é impossível que o mercado de trabalho egípcio absorva tal quantidade de mão de obra.
Situação econômica
A economia egípcia está em depressão desde a revolução, com uma expectativa de crescimento inferior a 2% este ano, e uma paralisia parcial de setores-chave como o turismo e a manufatura. Cerca de 600 mil trabalhadores em áreas vinculadas ao turismo, construção e serviços perderam seus empregos nos primeiros meses do ano.
A OIM acredita que a situação pode piorar com o eventual retorno de mais imigrantes egípcios que estão em outros países, como nos Emirados Árabes Unidos, onde se estima que há 95 mil e cujas autoridades decidiram recentemente não emitir mais vistos de trabalho nem permissões de residência para egípcios.
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