Atualizada às 9:34
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Estado da Georgia, nos Estados Unidos, concluiu que o grupo extremista Estado Islâmico, que domina parte do território do Iraque e da Síria, triplicou o uso de crianças e adolescentes em operações suicidas no último ano.
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A pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (18/02), analisou mensagens postadas pelo EI no Twitter e trocadas por membros do grupo no aplicativo Telegram. Os tuítes e mensagens de texto indicaram a morte de 89 crianças e adolescentes entre 8 e 18 anos em combate pelo grupo entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016, o dobro da estimativa para o ano anterior.
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Crianças em campo de treinamento do Estado Islâmico na Síria
No fim do período analisado, os pesquisadores concluíram que o EI havia utilizado três vezes mais crianças e adolescentes em operações suicidas do que no início de 2015. Entre as que morreram, 39% dirigiam carros ou caminhões-bomba e 33% pereceram como soldados no terreno; 60% delas tinham entre 12 e 16 anos e 6% tinham entre 8 e 12 anos.
“Muitas mais morreram, certamente”, afirmou Charlie Winter, um dos autores do estudo, à BBC. “Estes são apenas os dados que o EI divulgou no último ano.”
Em entrevista a Opera Mundi, o pesquisador Josh Horgan, também autor do estudo, diz acreditar que o grupo extremista treina crianças como investimento no futuro. “Eles estão preparando uma nova geração de combatentes”, diz Horgan. “Onde o EI controla o território, não há nada que possa ser feito para evitar que eles explorem as crianças. Temos visto membros do grupo usando crianças estrangeiras, crianças da região, reféns. A verdade é que não temos nada a fazer enquanto eles estiverem dominando uma área.”
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Segundo os pesquisadores, as crianças e adolescentes mortas em combate pelo EI eram de pelo menos 14 países diferentes, como Síria, Iêmen, Arábia Saudita, Tunísia, Líbia, Reino Unido, França e Nigéria, entre outros. Mais da metade das mortes aconteceu no Iraque.
Crianças e adultos como iguais no combate
Uma das conclusões do estudo é que o Estado Islâmico, diferentemente de outras milícias e grupos extremistas, coloca crianças, adolescentes e adultos como iguais no combate.
“Em outros conflitos, o uso de crianças-soldado pode representar uma estratégia de último recurso, como uma maneira de repor rapidamente as perdas no campo de batalha ou em operações especiais nas quais os adultos seriam menos eficientes”, diz Winter. “Entretanto, no contexto do Estado Islâmico, crianças são empregadas em combate da mesma maneira que os adultos.”
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Criança sendo preparada para operação pelo Estado Islâmico