Sexta-feira, 11 de julho de 2025
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O presidente eleito de El Salvador, Mauricio Funes, vai restabelecer relações com Cuba 48 anos depois do rompimento de todos os vínculos com a ilha. A quebra se deu no contexto da Guerra Fria, quando os Estados Unidos faziam pressão sobre os países latino-americanos para que isolassem o regime de Fidel Castro. Funes, eleito por um partido de esquerda, a Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), vai rever isso.

É uma decisão boa na opinião de Ernesto Rivas Gallont, embaixador de El Salvador em Washington de 1981 a 1989. Ele disse ao Opera Mundi que aprova a decisão do presidente eleito e que El Salvador “ficou para trás” em termos de política externa, por ser o único país sem relações com a ilha caribenha. Funes já havia manifestado o desejo de reatar os laços com Cuba durante a campanha presidencial.

Para Gallot, a “decisão de Funes obedece às suas convicções político-ideológicas” e preenche a necessidade de “aproximar El Salvador do resto do continente” onde a maioria dos países são sócios comerciais de Cuba.

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“El Salvador demorou demais para normalizar as relações com Cuba”, afirmou o ex-diplomata, acrescentando que reatá-las agora é prioritário, graças ao “anúncio (em meados de março) do presidente da Costa Rica, Óscar Arias, de que restabelecerá de forma plena os laços com o governo cubano”, rompidos em setembro de 1961. Até agora, os dois países mantiveram apenas relações consulares.

Uma porta-voz do Ministério de Relações Exteriores salvadorenho confirmou que El Salvador rompeu relações diplomáticas com Cuba em 1961 após a proclamação “socialista da revolução cubana”, que havia triunfado em janeiro de 1959 sob o comando de Fidel Castro.

Com a retomada das relações entre El Salvador e Cuba, “o que se elimina é o isolamento de nosso país em relação às demais nações latino-americanas”, garantiu Héctor Dada-Hirezi, membro do “grupo de trabalho” do futuro governo de Funes.

O também ex-chanceler argumentou que “os Estados Unidos sempre estiveram isolados – com o apoio de El Salvador – no que diz respeito ao embargo contra Cuba”. “É uma correção de uma política exterior equivocada”, sublinhou o cientista político.

Normalização

O anúncio de Funes ocorre num momento em que a maioria dos países latino-americanos tende a normalizar os laços diplomáticos com Cuba.

O encarregado de negócios norte-americano em San Salvador garantiu à imprensa na semana passada que esta “é uma decisão soberana” dos salvadorenhos.

Para Rivas Gallont, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, “está no caminho” de normalizar as relações com Cuba, como parte de um “novo enfoque político-ideológico” e como resultado da “nova realidade” latino-americana, na qual o país norte-americano “perdeu a capacidade de influência” que possuía décadas atrás.

“Obama compreende que não pode continuar com essa política de isolamento de Cuba”, observou o ex-embaixador.

O presidente norte-americano se reunirá com os mandatários do hemisfério na Cúpula das Américas, a ser realizada em Trinidad e Tobago em 16 e 17 de abril.

Histórico

Depois de romper relações com Cuba em 1961, o então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, assinou em fevereiro de 1962 o decreto que oficializou o bloqueio econômico – ainda vigente – de seu país contra os cubanos.

Depois dessa decisão, todos os países latino-americanos, à exceção do México, romperam vínculos diplomáticos com os caribenhos.

Paradoxalmente, muitas empresas salvadorenhas mantiveram negócios com o governo cubano, entre elas a Transportes Aéreos do Continente Americano (Taca), uma das maiores companhias da América Latina, que no início de março completou 15 anos de investimentos em Cuba.

El Salvador vai restabelecer relações com Cuba após 48 anos

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