Na imprensa francesa, a marca da contagem regressiva de 30 dias para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, nesta quarta-feira (26/06), ficou à sombra das repercussões sobre o primeiro debate na TV entre as três principais forças que concorrem nas eleições legislativas na França, ocorrido na noite de terça-feira (25/06) no canal TF1.
Apesar da presença no debate do primeiro-ministro francês Gabriel Attal, da maioria presidencial, de Jordan Bardella, presidente do Reunião Nacional (RN, extrema direita), e do coordenador do partido A França Insubmissa (LFI, extrema esquerda), Manuel Bompard, representando a coligação de esquerda Nova Frente Popular, jornalistas da rádio FranceInfo destacaram que o embate acabou focado entre o atual primeiro-ministro, Attal, e o possível futuro premiê, Bardella.
O jornal Le Figaro destaca em sua capa “a batalha pela credibilidade” por trás dos programas propostos pela base macronista, pela frente de esquerda e pela extrema direita. O diário aponta que Emmanuel Macron repete que a maioria presidencial tem a “credibilidade” contra os outros dois blocos que ele julga “irresponsáveis”, tanto o RN quanto a Nova Frente Popular. O chefe de Estado até insiste que uma vitória dessas duas forças opostas poderia levar o país diretamente a uma “guerra civil”, pois seus programas seriam muito perigosos.
Para Le Monde, a extrema direita de Bardella mostra “um programa revisado e discriminatório”, com planos de privar os cidadãos franceses com dupla nacionalidade de certos direitos, incluindo o acesso a “posições estratégicas” na administração pública, além de destacar várias das propostas do RN sobre segurança, justiça e imigração que seriam contrárias aos princípios constitucionais da República francesa. Na área econômica, o jornal afirma que o partido de extrema direita se inspira fortemente nas políticas do atual governo de Macron.
O La Croix destrincha, nesta quarta-feira, o programa da Nova Frente Popular. Segundo a reportagem, o documento, que contém quase 200 medidas em 24 páginas, embora tenha uma influência menor da França Insubmissa, por ser um documento conjunto do bloco de esquerda, ele é, no entanto, “um ‘programa de ruptura’, com um forte retorno às questões econômicas e sociais”, diz o jornal católico.
Já o jornal de esquerda Libération, enfatiza a mobilização de jovens da periferia contra a extrema direita para as eleições do fim de semana. Na capa, as ações evocadas pela cineasta negra, Alice Diop, “diante do racismo desenfreado” na sociedade francesa, que necessita de “uma reação de combate”, de acordo com ela “uma questão de vida ou morte”.
Alice Diop face au RN : «Pour les gens comme moi, c’est la vie ou la mort»
C’est la une de @Libe ce mercredi
Lire : https://t.co/nj2k4mQp7h pic.twitter.com/fHhsytKSdA
— Libération (@libe) June 25, 2024
Ela lançou um coletivo com amigos, artistas e figuras culturais chamado “Nous, on vote” (“Nós votamos”) visando mobilizar os jovens dos bairros populares, sobretudo convencer os abstencionistas a irem às urnas contra a extrema direita.
Apenas o Le Parisien, nesta quarta-feira, imprimiu na capa a marca dos 30 dias pré-Olimpíadas, com uma entrevista do ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, em que ele fala sobre expectativas de ameaça de terrorismo e protestos na capital, a segurança da delegação israelense nos Jogos e a mobilização das polícias francesas para os próximos dias e durante o evento tão esperado por Paris, que o ministro conta estar em preparação há três anos.