Eleição presidencial no Irã tem 80 pré-candidatos; apenas quatro mulheres disputam o cargo
Ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad desponta na lista de nomes para substituir Ebrahim Raisi, morto em um acidente de helicóptero
Cerca de 80 pessoas se registraram como candidatos ao cargo de presidente do Irã. O pleito para escolher o substituto de Ebrahim Raisi, morto em um acidente de helicóptero, está previsto para 28 de junho. Mesmo se muitos nomes forem desqualificados antes mesmo do início da campanha, a lista atual de pré-candidatos é dominada por políticos conservadores ou ultraconservadores, entre eles o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad. Apenas quatro mulheres estão na disputa.
Esta segunda-feira (03/06) foi o último dia para os pretendentes se inscreverem na lista de candidatos à presidência iraniana. A seleção definitiva ainda depende de uma validação do Conselho dos Guardiães da Constituição, um órgão composto por 12 membros, metade nomeados pelo Guia Supremo iraniano, Ali Khamenei, e metade juristas. Eles devem informar a lista definitiva até 11 de junho.
Na eleição de 2021, o Conselho autorizou apenas sete candidatos, entre os quase 600 pretendentes. Na época, a maior parte dos reformistas e moderados foram eliminados, o que abriu caminho para Ebrahim Raisi, personalidade apoiada pelos conservadores e pelos ultraconservadores, ser eleito logo no primeiro turno.
A volta de Mahmoud Ahmadinejad?
Um dos pré-candidatos mais conhecidos da lista apresentada nesta sexta-feira é o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, que dirigiu o país entre 2005 e 2013. Seus dois mandatos foram marcados por declarações violentas visando Israel e tensões importantes com o Ocidente, principalmente sobre o programa nuclear iraniano.
Outros dois nomes conhecidos da cena política iraniana e que tentam concorrer ao cargo são Ali Larijani, ex-presidente do Parlamento, que faz parte da ala mais moderada, e Said Jalili, ex-negociador nas discussões sobre o programa nuclear, conhecido por suas posições ultraconservadoras. A lista dos nomes mais conhecidos conta ainda com o prefeito de Teerã, Alireza Zakani, o ex-chefe do Banco Central Abdolnasser Hemmati, e o ex-vice do presidente Hassan Rouhani, Eshaq Jahangiri, além do presidente do Parlamento, o conservador Mohammad-Baqer Qalibaf. O atual presidente interino, Mohammad Mokhber, não se candidatou.

Hamed Malekpour/Wikicommons
Um dos pré-candidatos mais conhecidos da lista apresentada nesta sexta-feira é o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, que dirigiu o país entre 2005 e 2013
Desde a fundação da República islâmica, em 1979, nenhuma mulher foi autorizada a se candidatar. Mas em 2021, o Conselho dos Guardiães decidiu que não havia nenhum obstáculo jurídico para que uma iraniana concorresse ao cargo.
Quatro ex-deputadas tentam entrar na corrida presidencial. Uma das mais conhecidas é a conservadora Zohreh Elahian, defensora do uso obrigatório do véu islâmico para as mulheres e que apoiou com firmeza o governo durante a onda de manifestações populares que tomaram conta do país desde 2022, após morte da jovem Mahsa Amini.
Outra mulher que se destaca é a reformista Hamideh Zarabadi. Ela chamou atenção ao apresentar sua candidatura usando um véu colorido.
Presidente, mas não chefe de Estado
Ao contrário de muitos países, o presidente não é o chefe de Estado na República Islâmica, função assumida pelo Guia Supremo. O aiatolá Ali Khamenei, de 85 anos, detém o cargo mais importante do país há 35 anos.
Para se tornar presidente no Irã, o candidato deve ter entre 40 e 75 anos, ter um diploma de mestrado universitário e provar lealdade à República islâmica. Desde 1979, cinco dos oito presidentes iranianos eleitos eram religiosos.