Após reeleger Mahmoud Abbas como presidente “por aclamação e unanimidade” no último sábado, o grupo nacionalista palestino Fatah elegeu ontem (10), em Belém, na Cisjordânia, os membros do comitê central e do conselho revolucionário, seus organismos dirigentes. Depois de 20 anos sem eleições, os resultados mostraram grande renovação. Dos dez membros do antigo comitê central que se candidataram, somente quatro (sem a inclusão de Abbas) farão parte da nova direção.
Grandes nomes saíram derrotados, sendo o mais emblemático o de Ahmad Qorai (Abu Alaa), ex-primeiro-ministro e principal negociador com os israelenses durante o Acordo de Oslo (1993) e ao longo do último ano.
Os que receberam mais votos foram Abou Maher, responsável pelas relações exteriores e que agora permanecerá nos territórios palestinos, Mohamad el Aloul, um velho militante e deputado de Naplouse, e Marwan Bargouti, membro do Fatah preso em Israel, tido por alguns como um alternativa de liderança possível.
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A eleição dos responsáveis pelas segurança, antigos e atuais, todos mais ou menos ligados aos projetos do general norte-americano Keith W. Dayton de reconstrução dos aparelhos de segurança, também é relevante. Dayton é coordenador do governo dos Estados Unidos para a segurança da ANP (Autoridade Nacional Palestina).
Os votos do comitê central (18 eleitos) são oficiais, mas ainda não foram confirmados e o resultado do comitê revolucionário (80 eleitos) precisa ser apurado.
Núcleo de aliados
Agnes Favier, pesquisadora do conflito israelense-palestino, comentou ao Opera Mundi que “os resultados surpreendem pela importância da mudança”. Para ela, “uma primeira análise mostra uma forte representação de líderes da Cisjordânia, e Mahmoud Abbas agora tem um núcleo de aliados que deve representar ao menos um terço do comitê central.
“Mas é preciso cuidado com os conceitos: a mudança tem mais a ver com a renovação natural após 20 anos do que com a política instalada. Vimos manifestações contra a corrupção, mas a grande maioria dos eleitos faz parte da direção – na presidência ou no ministério – há uma década, mesmo sem pertencer ao comitê central”, conclui.
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