Depois da Holanda, na quinta-feira (06/06), e da Irlanda e República Tcheca na sexta (07/06), eleitores da Eslováquia, Letônia e Malta começaram a ir às urnas para renovar o Parlamento Europeu na manhã deste sábado (08/06). Já os italianos começam a votar à tarde, em um pleito que deve favorecer a primeira-ministra Giorgia Meloni.
Em todo o bloco, as eleições europeias são marcadas pela previsão de uma nova guinada da extrema direita.
Os eleitores eslovacos votam para designar 15 deputados europeus, em um momento em que o atentado contra o primeiro-ministro populista, Robert Fico, suscitou no aumento das intenções de voto de seu partido, o Smer-SD.
O chefe de governo de 59 anos, ferido a tiros em 15 de maio, segue internado e votou no hospital. Em sua página no Facebook, o premiê aparece apoiado em uma muleta e inserindo uma cédula na urna.
Fico também aproveitou a oportunidade para acusar novamente os países ocidentais de atiçar as tensões com a Rússia. “É preciso eleger membros do Parlamento Europeu que apoiem iniciativas de paz e não a continuação da guerra”, publicou junto à sua foto no Facebook.
Enfraquecido após duas cirurgias, o primeiro-ministro anunciou na última quarta-feira (05/06) que está pronto para retomar suas funções, descrevendo o autor da agressão como “um mensageiro” do “ódio político” da oposição.
Nesse país com 5,4 milhões de habitantes, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e da União Europeia desde 2004, o ataque contra o premiê deu fôlego à campanha de sua legenda. Autointitulado “partido da paz”, o Smer-SD é uma das principais vozes no leste europeu contra o apoio militar à Ucrânia, que classifica de “ataques bélicos de Bruxelas”.
Eleitores da Letônia querem reforço da defesa
Na Letônia, apesar das 16 listas que concorrem às eleições europeias, a votação deve ser marcada pela abstenção. Há cinco anos, apenas 33% dos eleitores votaram, apesar do forte sentimento europeu neste país de 1,8 milhão de habitantes.
Dividindo uma fronteira com a Rússia, a Letônia foi palco de uma campanha marcada por questões de defesa. Temendo pela segurança nacional, os partidos militam pela criação de um comissário europeu da Defesa.
Nas pesquisas, é o partido Aliança Nacional, da direita tradicional, que domina a preferência do eleitorado. A legenda promete reforçar as fronteiras e o controle da imigração, esperando registrar uma melhor performance do que em 2019, quando obteve apenas dois assentos no Parlamento Europeu.
Em Malta, a expectativa é que a participação seja alta, e pode chegar a 69% entre os 335 mil eleitores aptos a votar. O motivo do forte interesse é que, em paralelo às eleições europeias, a ilha também elege seus conselheiros locais. Segundo as últimas pesquisas, é o Partido Trabalhista, de centro-esquerda, que lidera a preferência do eleitorado, com 51% das intenções de voto.
Meloni convoca Itália contra a imigração
A Itália abre suas urnas a partir das 15h do horário local (10h em Brasília) e a votação continuará também durante o domingo (09/06). Cerca de 47 milhões de eleitores italianos estão aptos a votar.
O partido Irmãos da Itália, da líder da extrema direita e chefe do governo Giorgia Meloni, encabeça a preferência, com 27% das intenções de voto.
Em uma mensagem de vídeo publicada na sexta-feira, a premiê lembrou as prioridades da legenda: defender as fronteiras contra a imigração ilegal, proteger as economia e os empregos e apoiar a família e a natalidade. O partido pode enviar 22 deputados ao Parlamento Europeu, contra seis atualmente, apoiando a guinada da extrema direita no pleito.
20 países vão às urnas no domingo
Domingo será o principal dia de votação, com a participação de eleitores de 20 Estados-membros da União Europeia. Na França, o partido de extrema direita Reunião Nacional, sob a liderança do candidato Jordan Bardella, tem previsão de bater todas as outras legendas e registrar um resultado inédito em eleições europeias, obtendo acima dos 30% dos votos.
Na Hungria, liderada pelo primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orbán, previsão é que seu partido, o Fidesz, obtenha 48% dos votos no domingo, depois de uma campanha anti-europeia e cravejada de fake news.
Em outros países a extrema direita não lidera a corrida eleitoral, mas registra uma expectativa de um crescimento expressivo na votação. É o caso da Alemanha, onde o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) deve obter seu melhor resultado nas eleições europeias, com uma previsão de convencer 16% do eleitorado.
Em Portugal, o discurso anti-imigração se reforça com o crescimento do partido de extrema direita Chega. A legenda é hoje a terceira força política do país e tem 12% das intenções de voto nessas eleições europeias.
Já as primeiras apurações na Holanda mostram que, como esperado, o Partido da Liberdade (PVV), do líder populista holandês Geert Wilders, protagoniza um avanço expressivo, e deve obter 7 das 31 cadeiras da Holanda no Parlamento Europeu. Nas últimas eleições europeias, em 2019, o PVV conseguiu apenas um lugar.
A previsão é que a extrema direita se torne a terceira força no Parlamento Europeu, pela primeira vez na história.