Delineada como um duelo entre o atual presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad e o candidato reformista Mir Hussein Mousavi, as eleições iranianas, realizadas hoje (12), foram marcadas pelo expressivo comparecimento às urnas, principalmente de jovens e mulheres e por denúncias de irregularidades por parte da oposição. O resultado final só poderá ser conhecido amanhã (13), após a contagem total dos votos.
Mulher iraniana mostra dedo manchado de tinta após votar em Teerã – Abedin Taherkenareh/EFE
Segundo os primeiros dados divulgados pelo Ministério do Interior, a participação girou em torno de 75%, número recorde, o que obrigou o governo a estender durante várias horas o fechamento dos colégios – às 21h locais (15h em Brasília), as zonas eleitorais foram fechadas. Nas últimas eleições, em 2005, 50% foram às urnas no primeiro turno.
Nas ruas de Teerã, as longas filas de eleitores tinham uma cor quase comum, dependendo do local da capital no qual se encontrassem.
No norte, a zona mais rica da cidade, sobressaiu o verde dos seguidores do ex-primeiro-ministro Mir Hussein Mousavi, principal rival do presidente. No sul, onde se concentra a maioria dos bairros mais desfavorecidos, dominava o verde, branco e vermelho da bandeira do Irã, adotado por Ahmadinejad.
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No resto do país, Ahmadinejad recebe mais apoio nas zonas rurais, enquanto Moussavi é mais popular nos núcleos urbanos e nas regiões onde vivem as minorias do país, como os curdos ou os armênios. Moussavi também conseguiu arregimentar apoio dos mais jovens (os eleitores que tem entre 18 e 30 anos) e as mulheres, que apostam em um aumento das liberdades individuais.
No entanto, e ao contrário de 2005, quando Ahmadinejad obteve larga vantagem no segundo turno, era possível ver muitos partidários de Mousavi e dos outros dois candidatos, o clérigo reformista Mehdi Karrubi e o conservador Mohsen Rezaei.
“Vou votar em Mousavi”, admitiu à Agência Efe Zahra Montasem, dona de casa que votou na madraçal (escola muçulmana) Hafez, junto ao Grande Bazar. “Mas não é uma questão de liberdade, porque para isso existem diferentes interpretações. Acho que o que precisamos é de trabalho para os jovens e luta contra a pobreza, e acho que Musavi pode regular estes problemas”, explicou.
Irregularidades
Denúncias de possível fraude feitas pela oposição e alguns atos de vandalismo contra sedes reformistas atrapalharam o dia de votação.
Segundo Ali Akbar Mortazaminpour, chefe do comitê de supervisão dos votos de Musavi, “mais de 40% dos colégios da capital careceram de observadores”.
Aparentemente, muitos dos delegados, tanto de Mousavi como de Karrubi, não puderam exercer sua função já que as credenciais que receberam “tinham erros, e inclusive fotos trocadas”.
Mortazaminpour denunciou também que o citado comitê nacional emitiu “mais de sete milhões de cédulas a mais do que as necessárias para a votação”.
Em Queitarieh, uma dezena de milicianos voluntários islâmicos “Basij” atacaram com bombas de fumaça uma das sedes de Mousavi, embora sem causar feridos.
Os resultados finais, que devem ser validados pelo poderoso Conselho de Guardiães, serão conhecidos 24 horas depois do fechamento dos colégios.
No caso de que nenhum dos quatro candidatos consiga mais de 50% dos votos emitidos e considerados válidos, deverá ser realizado um segundo turno, já previsto para a próxima sexta-feira.
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