Eleições Judiciais no México: o que significa esta votação?
População votará diretamente em seus juízes, apesar da resistência de grupos conservadores
O México abrirá as urnas para que sua população possa exercer o direito de voto, elegendo juízes, ministros e magistrados neste domingo (01/06). Este processo eleitoral faz parte de uma reforma iniciada pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador (2018-2024) e continuada por Claudia Sheinbaum, atual mandatária. A mudança busca revogar os privilégios desfrutados pelas classes dominantes e elites econômicas no México, dando origem a sérios problemas de corrupção, com as classes altas se beneficiando e se protegendo, em detrimento do povo.
Serão 3.397 candidatos para preencher 881 cargos judiciais. Os cargos incluem juízes do Supremo Tribunal de Justiça da Nação (SCJN), juízes do Tribunal Eleitoral do Poder Judiciário da Federação (TEPJF) e vários juízes distritais.
Quando e em que os mexicanos votarão?
As seções eleitorais abrirão às 8h (11h no horário de Brasília) para que os cidadãos possam votar. Este ano, o Instituto Nacional Eleitoral (INE) implementou melhorias para tornar o processo mais rápido e fácil: cada pessoa irá apenas uma vez à mesa de votação, onde receberá suas cédulas (federais e locais), terá seu documento de identidade marcado, seu dedo marcado e, então, votará privadamente atrás de uma tela. As seções eleitorais terão entre 8 e 15 vagas para votação, e as seções eleitorais especiais (para pessoas fora de sua seção eleitoral) terão até 20 vagas.
Outra novidade é que todas as cédulas serão colocadas em uma única urna, independentemente de a votação ser federal ou local. Em locais onde se espera grande aglomeração, serão colocadas duas urnas para tornar a votação mais eficiente. Essas melhorias visam permitir que mais pessoas votem de forma ordenada, rápida e descomplicada, em um processo que empodera e envolve o público.
Pesquisas
O INE informou que após a votação, divulgará uma estimativa do nível de participação dos cidadãos nas eleições, graças a uma amostra de mais de 1.600 assembleias de voto distribuídas por todo o país.
Essa mensuração será apoiada por ferramentas estatísticas e elaborada por especialistas, permitindo uma compreensão clara, confiável e rápida do interesse da população por esse processo histórico.

INEMexico/X
Esta eleição será especialmente benéfica para os cidadãos, pois, pela primeira vez, eles poderão votar diretamente para aqueles que servirão no Judiciário, incluindo juízes, magistrados e ministros da Suprema Corte.
Isso representa um avanço significativo na participação popular e no controle democrático, pois capacita o povo a decidir sobre um poder que antes era designado sem sua intervenção. Além disso, o INE está facilitando todo o processo, desde a reimpressão de credenciais até a transparência dos resultados, para garantir que todos possam exercer seu direito de voto livre e claramente.
Contagem e escrutínio
Entre 1º e 10 de junho, os votos (contagens distritais) de seis eleições diferentes serão contados no México. Cada tipo de cargo tem sua data: do dia 1º ao dia 3, serão apurados os votos para ministros do Supremo Tribunal Federal; de 3 a 4 para magistrados do Tribunal Disciplinar Judicial; de 4 a 5 para a Câmara Superior do Tribunal Eleitoral; de 5 a 6 para as Câmaras Regionais; de 6 a 8 para magistrados de circuito; e de 7 a 10 de junho para juízes distritais. Se uma contagem terminar prematuramente, a próxima contagem começará imediatamente.
Então, em 12 de junho, ocorre a revisão final (chamada de contagem estadual) para confirmar os resultados de cinco dessas eleições. No mesmo dia, também são validados os resultados distritais das Câmaras Regionais do Tribunal Eleitoral, na chamada contagem de círculos eleitorais pluripartidários. Todo esse processo é fundamental para garantir que os resultados sejam corretos e oficiais.
Com estas eleições judiciais, o povo mexicano alcançou uma vitória histórica: pela primeira vez, terá o poder de eleger diretamente aqueles que administram a justiça. Este avanço democrático representa um passo firme rumo à recuperação de um Judiciário que durante décadas foi refém dos interesses das elites econômicas e políticas. A capacidade de decidir sobre seus juízes não apenas fortalece a soberania popular, mas também abre as portas para um sistema judicial mais transparente, legítimo e público, marcando o início do fim da corrupção que antes protegia os poderosos.
