Eleições no Equador iniciam neste domingo (09/02); Daniel Noboa e Luisa González são favoritos na Presidência
Quase 13 milhões de equatorianos vão às urnas para eleger autoridades presidenciais e parlamentares que governarão país entre 2025 e 2029
Mais de 12,7 milhões de equatorianos vão às urnas neste domingo (09/02) para eleger o próximo presidente e vice-presidente na liderança do governo entre 2025 e 2029, incluindo também 151 parlamentares que formarão a Assembleia Nacional e cinco representantes do Parlamento Andino.
A participação é obrigatória para cidadãos maiores de 18 anos e opcional para adolescentes entre 16 e 17 anos, além de idosos com mais de 65 anos. A votação ocorrerá entre 7h e 17h, pelo horário local (9h e 19h, pelo horário de Brasília).
De acordo com dados do Conselho Nacional Eleitoral equatoriano, mais de 456 mil equatorianos que residem no exterior estão aptos a exercer seu direito de voto nas eleições gerais neste sábado (08/02) devido ao fuso horário, sendo a Austrália o primeiro país a votar.
Eleição presidencial
Na corrida pela Presidência, o atual presidente e candidato à reeleição, Daniel Noboa, do partido de extrema direita Ação Democrática Nacional (ADN), e a candidata do Correismo, Luisa González, da coalizão de esquerda Revolución Ciudadana, aparecem como favoritos.
Se no primeiro turno deste domingo nenhum dos candidatos atingir a maioria absoluta, ou seja, pelo menos 40% dos votos válidos e uma diferença de mais de dez pontos percentuais sobre a votação alcançada pelo candidato em segundo lugar, um segundo turno com os dois candidatos mais votados será realizado nos próximos 45 dias.
Durante a campanha eleitoral, alguns dos candidatos presidenciais afirmaram estar convencidos de que vencerão “em um único turno”, cenário que aconteceu anteriormente apenas em duas ocasiões: com o socialista Rafael Correa, no pleito de 2009 e 2013.
Na época, Correa era líder do extinto movimento Alianza PAIS, e conquistou a Presidência no primeiro turno com 3.586.439 votos, 52% do total dos válidos; em segundo ficou Lucio Gutiérrez, da Sociedade Patriótica, com 1.947.830 votos, ou 28,2%.
Já nas eleições de 2013, Correa venceu novamente no primeiro turno, com 4.918.482 votos, ou 57,2%; enquanto Guillermo Lasso, do movimento Criando Oportunidades (CREO), alcançou 1.951.102 votos, ou 11,7%.

Mais de 12,7 milhões de equatorianos vão às urnas para eleger o próximo presidente e vice-presidente do país entre 2025 e 2029, incluindo também 151 parlamentares que formarão a Assembleia Nacional e cinco representantes do Parlamento Andino
Luisa González ou Daniel Noboa?
Luisa González, do movimento Revolução Cidadã, enfatiza políticas à favor da geração de emprego, à mudança no sistema judiciário e do fortalecimento das relações internacionais. A candidata de 47 anos retorna à corrida eleitoral depois de chegar ao segundo turno das eleições gerais de 2023 e, agora, seu companheiro de chapa é o economista Diego Borja.
González é advogada pela Universidade Internacional do Equador e possui dois mestrados em Economia, Desenvolvimento e Gestão, um deles obtido na Espanha. Ela tem uma vasta experiência na política. Chegou a ser vice-secretária-geral do gabinete presidencial durante o governo de Rafael Correa, e cônsul-geral do Equador em Alicante, Espanha, entre outras funções de alto escalão.
Em 2023 foi candidata à Presidência pelo movimento Revolução Cidadã, junto com Andrés Arauz.
Em entrevista ao portal de notícias Teleamazonas, nesta semana, a candidata prometeu que, como presidente, trabalhará para reconstruir as relações com o México de Claudia Sheinbaum.
“Assim que Luisa González assumir o cargo, tenho certeza de que a presidente (do México) Claudia Sheinbaum virá ao meu escritório e as relações comerciais serão reabilitadas. Se isso for necessário (para dar a Jorge Glas um salvo-conduto), faremos o que for necessário de acordo com o direito internacional”, disse.
Questionada sobre as relações com a Venezuela, onde Nicolás Maduro acaba de assumir a Presidência, González não descartou que os laços sejam recompostos, embora tenha falado em priorizar questões sociais envolvendo sua nação.
“O que quer que eu tenha que fazer, eu farei, mas preciso tirar da pobreza esses 7 milhões que hoje não têm o suficiente para comer”, respondeu.
Na área de segurança, afirmou que trabalhará para fortalecer a Unidade de Análise Econômica e Financeira (UAFE), e que respeitará a instalação de bases militares estrangeiras se o povo aprovar.
“Vou acompanhar esses relatórios da UAFE com uma equipe técnica de que o sistema de justiça está agindo. Porque parte de ter um sistema de justiça que funciona é expurgar os maus elementos, juízes e promotores que são produto da compra ou do dinheiro ilícito dos criminosos”, disse González.
Em relação à crise energética, González propõe reabilitar toda a capacidade instalada que o Equador possui para gerar energia. Para isso, afirma a importância da manutenção de usinas termelétricas, a construção de novos projetos eólicos, termelétricos e fotovoltaicos.
Por outro lado, o presidente mais jovem da América Latina, Daniel Noboa, com 37 anos, busca a reeleição após 14 meses de governo marcado por políticas polêmicas contra o crime organizado e por ações controversas classificadas pela oposição como uma “atitude ditatorial”.
Aos 35 anos, Noboa venceu as eleições extraordinárias de 2023 e assumiu o país para completar o mandato de Guilherme Lasso. Seu governo foi marcado pela declaração de “guerra” ao crime organizado, implementando medidas que infringem os direitos humanos e reformas econômicas impopulares para equilibrar as contas públicas.
Grande parte do apoio foi da ala conservadora, que conquistou apostando em um discurso combativo ao tráfico de drogas, incluindo a militarização e a construção de prisões. Suas políticas foram criticadas por organizações de direitos humanos pelos abusos cometidos pelas forças de segurança durante os prolongados estados de exceção e declaração de conflito armado interno.
Em abril de 2024, Equador viveu um de seus episódios mais emblemáticos. O mandatário ordenou um ataque policial à Embaixada do México para prender o ex-vice-presidente correista Jorge Glas, que havia recebido asilo diplomático por perseguição política no Equador. O ocorrido consolidou uma grave crise com o México.
A ação aconteceu horas depois de o governo mexicano anunciou que outorgaria asilo político a Glas e solicitaria ao Equador um salvo conduto para que o político pudesse viajar à Cidade do México.
Na ocasião, o governo mexicano condenou de forma veemente a medida adotada pelo Equador. A chanceler do México, Alicia Bárcena, acusou Quito de “violar a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas” e condenou “as lesões sofridas pelo pessoal diplomático mexicano”, que foi agredido pelos policiais equatorianos.
(*) Com Telesur
