Enquanto os bolivianos enfrentavam uma nova tentativa de golpe de Estado, nesta quarta-feira (26/06), o bilionário Elon Musk publicou em suas redes sociais uma enigmática mensagem com a foto de um falcão.
Para muitos norte-americanos, o animal é o símbolo do chamado “destino manifesto” do país, pelo qual se justificam intervenções em outras nações, militar ou politicamente – apesar de ter nascido na África do Sul, Musk vive nos Estados Unidos e se considera cidadão desse país desde que se estabeleceu em suas terras.
Hawk … pic.twitter.com/obql1nkpcd
— Elon Musk (@elonmusk) June 26, 2024
A publicação desta mensagem em meio a uma nova tentativa de golpe de Estado no país sul-americano é controversa, porque o bilionário já admitiu, anos atrás, seu envolvimento com um golpe de Estado também realizado na Bolívia, em 2019, que foi consumado, terminando com a queda do então presidente Evo Morales (2006-2019.
Declaração pró-golpe
A declaração anterior, que causou controvérsia, ocorreu em 2020, em meio a uma discussão a política dos Estados Unidos, na qual o tema boliviano surgiu de repente.
Ao criticar um pacote econômico anunciado nos Estados Unidos pelo presidente Joe Biden, Musk disse, em julho de 2020, que “na minha opinião, outro pacote de estímulo do governo não é o melhor interesse das pessoas”.
Um internauta respondeu a ele dizendo “sabe o que não interessa às pessoas? O governo dos Estados Unidos organizando um golpe contra Evo Morales na Bolívia para que você possa obter lítio lá”. Ao retrucar essa provocação, Musk revelou seu apoio ao golpe: “vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”.
A mensagem foi apagada dias depois, diante da repercussão negativa e questionamentos a nível global.
Vale lembrar que o bilionário é dono da Tesla, uma das maiores fabricantes de carros elétricos do mundo, e que requer grandes quantidades de lítio para a fabricação das baterias elétricas que permitem o funcionamento desses automóveis. Seu interesse na Bolívia se dá pelo fato de que esse país possui as maiores reservas de lítio do planeta.
Tentativa de golpe
O ex-comandante do Exército boliviano Juan José Zúñiga liderou uma tentativa de golpe nesta quarta-feira (26/06) contra o governo de Luis Arce. Com tanques grupos militares armados, os golpistas cercaram a Praça Murillo em La Paz, local no qual está situado o Palácio Presidencial do país.
No dia anterior, Zúñiga foi afastado do cargo que ocupava desde 2022 após ameaçar Evo Morales por se opor a uma possível candidatura do ex-presidente para a disputa das eleições de 2025.
Zúñiga e os militares invadiram o prédio falando em ‘recuperar a Pátria’.
Após esse primeiro momento, Arce denunciou uma “mobilização irregular de algumas unidades do Exército Boliviano”, enquanto Morales afirmou que os militares estavam “se preparando um golpe de Estado”.
A tentativa foi frustrada após Arce encarar o ex-general e dar posse a novos comandantes militares, sendo eles: José Wilson Sánchez Velasquez, no Exército; Gerardo Zabala Alvarez, na Força Aérea, e Wilson Ramírez, na Marinha.
Durante seu pronunciamento logo após a posse, o novo comandante do Exército, Sánchez Velasquez, ordenou que as tropas mobilizadas nas ruas durante o golpe voltassem imediatamente aos quartéis, o que foi cumprido pelos soldados que, minutos antes, estavam obedecendo a Zúñiga.
Por usa vez, o presidente Arce agradeceu aos bolivianos que se mobilizaram para rechaçar o golpe.