Quarta-feira, 11 de junho de 2025
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Em seu discurso durante a abertura do IV Fórum CELAC-China nesta madrugada, o presidente Lula ressaltou a força da parceria chinesa na região e fez uma contundente defesa do multilateralismo.

Ao lado do presidente chinês Xi Jinping e dos presidentes Gabriel Boric do Chile e Gustavo Petro da Colômbia, o líder brasileiro ressaltou que a China já é o segundo maior parceiro comercial da CELAC.

“Recursos oriundos de instituições financeiras chinesas superam créditos oferecidos pelo Banco Mundial ou pelo BID”, mencionou, ao lembrar o papel decisivo da China para os avanços expressivos na redução da pobreza e da desigualdade na região.

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Lula também qualificou como “decisivo” o apoio da China na área de infraestrutura “para tirar do papel rodovias, ferrovias, portos e linhas de transmissão”.

Paz e multilateralismo

Sem mencionar diretamente a guerra comercial propalada pelos Estados Unidos, o presidente brasileiro mencionou que “sempre existiram distorções no comércio internacional, especialmente no intercâmbio de produtos agrícolas” e que “a imposição de tarifas arbitrárias só agrava essa situação”.

“Nossa região não deseja ser palco de disputas hegemônicas. Há mais de uma década, a CELAC declarou a América Latina e o Caribe como zona de paz. Não queremos repetir a história e encenar uma nova guerra fria”, afirmou.

“Nossa vocação é ser um dos eixos de uma ordem multipolar, na qual o Sul Global esteja devidamente representado”, complementou.

Lula e Xi Jinping
Lula e Xi durante assinatura de acordos em Pequim
Ricardo Stuckert / PR

O presidente brasileiro também alertou aos países da região: “não há saída para nenhum país individualmente”.

“Nós temos 500 anos de histórias que provam isso. Ou nós nos juntamos e procuramos parceiros que queiram, junto conosco, construir um mundo compartilhado, ou a América Latina tenderá a continuar sendo uma região que representa a pobreza no mundo de hoje”, afirmou.

Futuro

Lula falou sobre o futuro. Ele destacou que “o desenvolvimento da Inteligência Artificial não deve ser um privilégio de poucos” e que “uma transição justa para uma economia de baixo carbono exige amplo acesso a tecnologias de energia limpa”.

Ressaltando a possibilidade de a COP30, em Belém, ser um ponto de virada na implementação de compromissos climáticos, ele pontuou que “a América Latina e o Caribe e a China podem mostrar ao mundo que é possível conter a mudança do clima sem abdicar do crescimento econômico e da justiça social”.

Lula também defendeu o apoio do bloco à eleição de uma mulher na Secretária-Geral da ONU, “honrando, assim, o legado da Conferência de Pequim sobre os direitos das mulheres”.

“A governança global já não espelha a diversidade que habita a Terra. Esse anacronismo tem impedido que se cumpra o propósito de evitar o flagelo da guerra, inscrito na Carta das Nações Unidas”, afirmou.

Após a cerimônia de abertura do IV Fórum China-Celac, os chefes de Estado e suas delegações participam da sessão plenária, realizada a portas fechadas, que será concluída com a adoção de uma declaração conjunta.

Confira a íntegra do discurso de Lula.