A Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, pretendia realizar um discurso público neste sábado (14/07) ao povo egípcio sobre democracia, mas depois de três rascunhos jogados fora, acabou optando por reuniões privadas, informou o jornal New York Times.
Longe dos olhos do público, Clinton se reuniu nesta tarde com o presidente recém-eleito, Mohammed Morsi. “Eu vim ao Cairo para reafirmar o forte apoio dos Estados Unidos ao povo do Egito e a sua transição democrática”, explicou a norte-americana em conferência de imprensa após sua conversa com Morsi de acordo com a rede televisiva Al-Jazeera. “Democracia é difícil”, acrescentou.
Agência Efe
A Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e o novo presidente do Egito, Mohammed Morsi
Em plena campanha eleitoral, a Secretária democrata realiza viagem de dois dias ao Egito, importante aliado dos Estados Unidos durante o regime de Hosni Mubarak onde procura assegurar os interesses norte-americanos junto aos novos atores políticos. Sem mencionar o já conhecido apoio de 30 bilhões de dólares que seu país enviou nas três décadas de Mubarak, Hillary disse que os EUA desejam ser um bom parceiro do país e reafirmou sua decisão de março deste ano de continuar com a ajuda anual de 1 bilhão de dólares ao país. Segundo o New York Times, grandes empresas norte-americanas de armamento dependem deste financiamento.
De acordo com Clinton, os detalhes sobre o pacote serão discutidos com o governo e o Parlamento egípcio, dissolvido pela Junta Militar em junho deste ano e que permanece inativo. Até então, a grande parte deste dinheiro foi destinada ao Exército egípcio e por ora, não está claro se sua distribuição irá se alterar após a transformação ocorrida no país.
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Além destes temas, Clinton reafirmou ao novo presidente, que já manifestou sua simpatia à causa palestina, a importância de manter o acordo de paz com Israel estabelecido pelos militares egípcios no governo de Mubarak, cumprindo seu compromisso com Israel e com milhares de eleitores norte-americanos. Apesar de Morsi poder amenizar o bloqueio de Israel à Faixa de Gaza diminuindo as restrições nas fronteiras do país, o novo presidente não detém o poder de declarar guerra a nenhum país, o que está nas mãos do Exército desde decreto do dia 18 de junho.
Enquanto que a relação do novo presidente com Israel foi uma das preocupações de Hillary, a política econômica de Morsi não parece ser motivo de apreensão para os EUA. A posição da Irmandade Muçulmana, grupo político do novo líder egípcio, na economia difere muito pouco da seguida pelos militares e foi elogiada por diversos políticos norte-americanos. Em junho de 2011, a Bolsa de Valores do Egito foi reaberta pelos senadores John Kerry e John McCain.
A política norte-americana também deve se reunir neste final de semana com o chefe das Forças Armadas do Egito, Field Marshal Hussein Tantawi. “Acredito que estes temas em relação ao Parlamento e a Constituição tem que ser resolvidos entre os egípcios”, disse ela nesta sexta (13/07) citada pelo jornal britânico Guardian. “Eu vou discutir estes assuntos com Tantawi amanhã e trabalhar em um plano de apoio para que as Forças Armadas voltem a desenvolver apenas função de segurança nacional”.
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