O empresário direitista Ricardo Martinelli, do partido Câmbio Democrático (CD), venceu as eleições presidenciais do Panamá no domingo (3). O presidente do Tribunal Eleitoral do país, Erasmo Pinilla, anunciou Martinelli como “vencedor incontestável”, depois que a apuração de 87% das urnas indicou que ele havia recebido 61% dos votos, contra apenas 37% da candidata governista Balbina Herrera, do Partido Revolucionário Democrático (PRD). Martinelli vinha sendo apontado como o favorito nas últimas pesquisas de opinião.
Herrera admitiu a derrota e se autoproclamou como a “líder da oposição”. O PRD, partido governista, foi bastante criticado por por agir pouco em questões determinantes como violência, pobreza e corrupção.
De acordo com observadores da OEA (Organização dos Estados Americanos)
– ao todo 53 representantes – as eleições transcorreram de maneira
tranqüila e não foram registradas fraudes ou casos de violência. O
índice de comparecimento foi alto: 70% dos 2.211.261 cidadãos maiores
de 18 anos aptos a votar.
Em seu primeiro discurso após o anúncio dos resultados, o novo presidente, que assumirá em 1º de julho, prometeu mais “trabalho e equidade”. A taxa de desemprego no Panamá é pequena se comparada com a de outros países da região: 5%, e deve diminuir, segundo analistas. A taxa brasileira é de 9%. Já a desigualdade social é ampla no país: 30% dos habitantes vivem na pobreza, sendo 17% na pobreza extrema. 40% dos panamenhos mais pobres concentram 10% da riqueza, enquanto os 10% mais ricos têm 38,6%.
Outro desafio para o novo presidente é a crescente taxa de violência. Nos últimos anos, o Panamá, que possui 3,3 milhões de habitantes, viu o índice de assassinatos crescer rapidamente, de 444 em 2007 para 593 em 2008. Segundo uma pesquisa disponibilizada pela agência de notícias AFP, 47% dos panamenhos apontam a insegurança como a maior preocupação
O país se tornou, por sua formação geográfica, um importante ponto da rota do narcotráfico sul-americano em direção aos Estados Unidos e com isso, os casos de violência motivados pelo tráfico cresceram. “Cerca de 40% dos homicídios têm relação com o narcotráfico e as brigas entre gangues”, afirmou à AFP Rodrigo Cigarruista, vice-ministro de Segurança Pública.
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Perfil
Ricardo Martinelli Berrocal, neto de uma espanhola e de um italiano, nasceu na cidade do Panamá em 11 de março de 1952. Na adolescência, cursou o ensino médio na Staunton Military Academy, em Staunton, Virgínia, Estados Unidos.
Adquiriu sua Licenciatura em Administração de Empresas, com especialidade em Marketing, na Universidade de Arkansas, e fez mestrado em Administração de Empresas com especialidade em Finanças no INCAE, em San José, Costa Rica. Atualmente é presidente da Importadora Ricamar, da cadeia local de Supermercados 99, do Conselho de Direção da Central Açucareira La Victoria, da empresa ERA e da fábrica de plásticos Plastigol.
Também é diretor de empresas como a Gold Mills do Panamá, Global Bank, Panasal S.A., Televisora Nacional do Panamá, Direct TV, Desarrollo Norte S.A., Moinho de Ouro, AVIPAC e Calox Panamenha, entre outras.
Apontado como um populista, Martinelli é o líder do Câmbio Democrático (CD), fundado em maio de 1998 e do qual é atualmente seu presidente. Ele conta também com o apoio dos direitistas Partido Panameñista (PPa), Movimento Liberal Republicano Nacionalista (Molirena) e União Patriótica (UP), com os quais conformou a Aliança pela Mudança que o levou a ganhar as eleições.
Sua experiência na administração pública inclui a Direção da Caixa de Seguro Social, durante a Presidência de Ernesto Pérez Balladares (1994-1999), do governante PRD, e ministro do Canal do Panamá na administração da presidente Mireya Moscoso (1999-2004).
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