Quarta-feira, 26 de março de 2025
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O escritório de gestão de pessoal dos EUA (OPM na sigla em inglês), principal agência de recursos humanos do governo norte-americano, informou que os funcionários federais do país “não devem se sentir obrigados” a responder os emails do Departamento de Eficiência Governamental (Doge) enviados no último final de semana para que justificassem seus empregos.

Os trabalhadores, que ocupam posições conhecidas como a de um funcionário público no Brasil, são alvo de demissão em massa pelo Doge, órgão liderado pelo bilionário Elon Musk, cujo objetivo é o corte de gastos do governo norte-americano.

Após o presidente dos EUA, Donald Trump, pressionar Musk a ser “mais agressivo” nos cortes orçamentários, o empresário de extrema direita anunciou no último sábado (22/02) o envio dos emails e ameaça de demissão caso os mais de dois milhões de funcionários não respondessem a mensagem dentro de 48 horas.

“De acordo com as instruções do presidente Donald Trump, todos os funcionários federais em breve receberão um email solicitando compreender o que realizaram na semana anterior. A falta de resposta será considerada como uma demissão”, afirmou Musk em uma publicação na rede social X, que é de sua posse.

A exigência do Doge levou à atualização de um processo judicial iniciado por advogados de funcionários federais que tentam impedir a demissão em massa. Segundo a defesa dos trabalhadores, Musk “violou a lei” ao emitir o pedido no email.

O maior sindicato federal dos EUA e um dos integrantes do processo contra as demissões, a Federação Americana de Funcionários do Governo (AFGE) enviou uma carta ao OPM, classificando o pedido de Musk como “não apenas inapropriado, mas prejudicial às funções do governo”.

“Funcionários federais se reportam às agências que os empregam por meio de cadeias de comando estabelecidas. Eles não se reportam ao OPM, “Doge” e definitivamente não a Elon Musk”, declarou o sindicato por meio das redes sociais.

RS/Fotos Públicas
Pressionado por Trump para ser “mais agressivo” nos cortes orçamentários, Musk ameaçou funcionários federais dos EUA

Crise interna

A ordem do Doge provocou “caos instantâneo em todo o governo”, segundo o jornal britânico The Guardian. “A própria liderança nomeada por Trump em agências federais responderam [ao email] de maneiras totalmente diferentes”, segundo o periódico.

Já a imprensa norte-americana relatou que funcionários de diferentes órgãos do governo norte-americano tiveram instruções diversas sobre como retornar a mensagem e até mesmo a necessidade de respondê-la.

Enquanto trabalhadores da Administração da Previdência Social, do Departamento de Saúde e Serviços Humanos e de Transporte foram instruídos a responder a requisição, o Departamento de Defesa e o Departamento Federal de Investigação (FBI) orientaram seus funcionários a não retornarem à mensagem.

As ordens do FBI para ignorar a mensagem do Doge foram inclusive emitidas pelo diretor Kash Patel, aliado de Trump.

Após o recuo do OPM, Trump declarou na última segunda-feira (24/02) em apoio ao email: “eles [Doge] estão tentando descobrir quem está trabalhando para o governo, estamos pagando outras pessoas que não estão trabalhando, e para onde está indo o dinheiro”.

Mais uma vez pressionado pelo presidente, Musk anunciou no X que os funcionários que não responderam à solicitação “terão outra chance”, mas que “não responder uma segunda vez resultará em demissão”.

O New York Times analisou a situação como “o primeiro teste real da investida de Elon Musk na burocracia federal”. “Pela primeira vez desde o início do retorno de Trump ao poder, os funcionários do governo pareciam estar se defendendo de uma emboscada”, escreveu a publicação.

(*) Com informações de New York Times e The Guardian