O enriquecimento do urânio é uma das etapas fundamentais para a geração de energia nuclear, bem como para a fabricação de uma bomba atômica. O que separa a utilização desse minério para fins pacíficos ou não pacíficos é o grau de enriquecimento do urânio.
O urânio extraído da natureza vem em dois isópotos (átomos do mesmo elemento químico, mas com massas atômicas diferentes): U-235 e U238. O U-235 é o tipo usado para gerar energia, ou fazer uma bomba, mas a concentração natural dele é de apenas 0,7% do volume total extraído. Para que ele possa ser usado é necessário aumentar a concentração do urânio 235, através do processo conhecido como enriquecimento. O procedimento mais usado para fazer isso é através de centrífugas.
Após reagir com ácido fluorídrico, o urânio vira um gás, que é então colocado em uma série de ultracentrífugas. Como os átomos de U-238 são mais pesados, eles tendem a se moverem para as paredes da centrífuga. É com essa separação que se consegue aumentar a concentração de U-235.
As usinas nucleares brasileiras em Angra dos Reis, por exemplo, utilizam urânio enriquecido em 4% – ou seja, com 4% de concentração de U-235. Um enriquecimento de 20% é necessário para motores portáteis movidos a propulsão nuclear, como para um submarino, mas ainda somente para fins pacíficos. Já para se fazer uma bomba atômica é necessário elevar esse enriquecimento acima de 90%. A tecnologia é basicamente a mesma para qualquer nível de concentração, a principal diferença é o tempo que o mineral passa dentro das centrífugas enriquecendo.
Portanto, quem domina a técnica para enriquecer urânio para geração de energia tem, teoricamente, possibilidade de ampliar o procedimento e chegar ao nível necessário para uma bomba – e por isso o controle tão rígido da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) sobre os países que tem essa tecnologia.
Atualmente estão em funcionamento no mundo 436 reatores nucleares em usinas de energia em 29 países, que geram cerca de 15% da energia elétrica mundial. No entanto, nem todos esses países têm autonomia no enriquecimento de urânio, quase metade deles compra o combustível no exterior. O Brasil já domina a tecnologia para ser auto-suficiente no enriquecimento de urânio, mas ainda não tem escala de produção suficiente para abastecer as usinas de Angra.
Por isso, a INB (Indústrias Nucleares do Brasil), empresa estatal responsável pelo fornecimento de combustível nuclear para as usinas, atualmente manda o urânio no início do processo para o consórcio europeu Urenco, que faz o enriquecimento a cerca de 4%. A empresa tem um projeto de expansão e instalação de novos equipamentos que devem permitir, em 2014, que seja feito no Brasil o ciclo completo de enriquecimento de todo o urânio usado nas usinas de Angra 1 e 2 e parte da demanda da futura usina de Angra 3, caso ela já esteja em funcionamento até lá.
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