A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aceitou hoje (15) o Chile como seu 31° membro. A integração oficial do país ao grupo ainda depende da aprovação do Parlamento chileno, mas deve se concretizar a partir do ano que vem.
O secretário-geral da organização, o mexicano Ángel Gurría, entregou hoje ao ministro da Fazenda chileno, Andrés Velasco, o convite dirigido à presidente do Chile, Michelle Bachelet – que deve assiná-lo em janeiro.
O Chile é o primeiro país sul-americano a entrar na OCDE e o segundo da América Latina, depois do próprio México.
A associação do Chile “é uma contribuição para que a organização seja mais plural”, afirmou Gurría, em nota.
Gurría destacou que o processo de entrada na OCDE transcorreu com “fluidez”, que atribuiu à “boa qualidade das políticas públicas do Chile”.
Neoliberalismo
O professor Alberto Aggio, do departamento de História da Unesp (Universidade Estadual Paulista), concorda com esse argumento, e o relaciona ao crescimento da importância da América Latina. “Com a entrada, o Chile vai ser um player da economia mundial”, diz ele ao Opera Mundi.
Para Aggio, as políticas neoliberais do país ajudaram no processo de escolha pela organização, conhecida como o “clube dos países desenvolvidos” que seguem os preceitos do livre-mercado.
“O Chile é um país com a economia muito mais estabilizada que a brasileira, com êxito no processo de transição da ditadura para a democracia. Digo, 'mais estabilizada' dentro dos critérios deles, de mais mercado e menos Estado”, explica o professor, especializado em história contemporânea do Chile.
Segundo ele, o mesmo processo de adesão ao neoliberalismo se deu com o México, que foi aceito na OCDE após comprovar sua direção econômica pró-mercado, aprovando acordos comerciais com os Estados Unidos.
Andrés Velasco disse que a intenção do Chile dentro da instituição é atuar como “uma ponte entre os membros e os não-membros” para que os países emergentes sejam levados em conta, em particular os da América Latina – como o Brasil.
Copa do Mundo
Aggio compartilha dessa visão. Segundo ele, entrando para o “clube”, o Chile ganha “protagonismo internacional nos planos econômicos e diplomáticos”.
O ministro chileno comparou a entrada na organização com uma classificação para a Copa do Mundo, em que o Chile, apesar do tamanho, “pode jogar de igual para igual” contra os grandes.
Desde o começo de 2007, segundo Aggio, a OCDE tem procurado um novo fôlego ao olhar para países em desenvolvimento, perdendo um pouco seu status de “clube dos ricos”. “Eu tenho a impressão de que a OCDE não deve mais ser vista como há 20 anos, quando se falava muito de neoliberalismo, mas está mais aberta à discussão”, conclui.
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