Equador acusa inteligência dos EUA de ajudar em ataque contra as Farc; Colômbia nega
Equador acusa inteligência dos EUA de ajudar em ataque contra as Farc; Colômbia nega
Um relatório do governo equatoriano divulgado hoje (11) afirma que a inteligência norte-americana no Equador foi usada pela Colômbia para planejar o ataque a um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em março de 2008, que resultou na morte de Luis Edgar Devia, mais conhecido como Raúl Reyes, o número 2 da guerrilha, e outras 25 pessoas. O governo colombiano negou a acusação.
O relatório de 131 páginas, elaborado pela Comissão de Transparência do Caso Angostura, analisa os envolvidos e afirma que as forças norte-americanas instaladas na hoje desativada Base de Manta, na costa do Pacífico, ajudaram as tropas colombianas a achar e atacar a guerrilha.
“A inteligência estratégica processada na base em Manta foi fundamental para localizar Raúl Reyes”, conclui o documento. “O pacto de Manta, que visava controlar o tráfico de drogas, foi além do seu propósito”.
Na época, por conta de um acordo assinado em 1999 pelo então presidente
do Equador, Jamil Mahuad, com duração de dez anos, a base militar de
Manta era operada pelos EUA. Em 18 de setembro último, o governo de
Rafael Correa assumiu o controle da base, após anunciar que não
renovaria o acordo.
O comandante das forças militares da Colômbia, general Freddy Padilla, negou em entrevista ao jornal El Tiempo a participação do governo dos EUA na operação. “Até onde eu sei, essa informação não é verdadeira”, disse. Ele afirmou que o Ministério da Defesa não irá se pronunciar a respeito.
No mês passado, o chanceler da Colômbia, Jaime Bermúdez, insistiu que a Colômbia “não aceita extraterritorialidade” da Justiça equatoriana e que defenderá suas autoridades e soldados. O país nega a participação dos EUA na operação em Angostura e acusa o governo de Correa de ligações com as Farc.
Em julho, Bogotá divulgou um vídeo em que o chefe militar das Farc, “Mono Jojoy”, falava de uma “ajuda em dólares” supostamente dada à campanha presidencial de Correa, mas os rebeldes e o governo negaram a veracidade das imagens. Era um vídeo editado, em que o teor das declarações não ficava claro, estava fora de contexto.
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A comissão também descartou ligações entre o governo de Correa e a guerrilha, mas disse que ex-funcionários tinham contatos com o grupo.”É muito gratificante observar que não se pode dizer sob qualquer suspeita que há ligações do governo federal com as Farc”, disse o coordenador da comissão, Francisco Huerta, que liderou a investigação promovida pelo governo.
Direitos humanos
Outra conclusão da investigação é sobre a presença de grupos irregulares armados da Colômbia (GIAC) no Equador, com a instalação de laboratórios de processamento de droga, configurando “uma permanente violação da soberania nacional e da integridade do território equatoriano”.
A comissão Angostura, criada pelo Equador em março deste ano para apurar o bombardeio, paralelamente à Justiça, afirmou também, com base no estudo dos corpos encontrados, que houve violação de direitos humanos durante a captura dos membros das Farc.
Diplomacia
Em 1º de março de 2008, um ataque colombiano do lado equatoriano da fronteira foi o estopim de uma crise diplomática entre Bogotá e Quito. Na época, Correa considerou a operação uma violação à soberania do Equador. A Colômbia alega tê-lo informado da operação e garante que o ataque foi lançado de território colombiano, sem que as aeronaves colombianas invadissem o espaço aéreo equatoriano. Desde o dia 13 de novembro, os dois países negociam o restabelecimento das relações bilaterais.
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