Os protestos contra a construção de uma prisão de segurança máxima na Amazônia equatoriana continuam aumentando, em especial na província de Napo, região onde o governo do Equador planeja construir o complexo.
Nesta sexta-feira (13/12), foi realizada a troca da guarda comunitária em frente à sede do governo da província, que está sob custódia dos povos indígenas da região em protesto ao anúncio do presidente Daniel Noboa em construir uma mega-prisão, avaliada em mais de US$ 50 milhões (cerca de R$ 300 milhões), em Archidona.
Centenas de pessoas bloquearam as principais estradas da região e exigiram a renúncia do governador da província na última quinta-feira (12/12).
“Dada a recusa do Governo de (Daniel) Noboa em atender à reivindicação de Napo, nos seus 10 dias de greve, os povos e nacionalidades amazônicas assumiram o governo antes da construção da prisão de segurança máxima em território indígena”, informou a Confederação das Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana (Confeniae) em seu relato nas redes sociais.
“Não há recursos para a Amazônia, não há recursos para obras, saúde e educação, mas há 51 milhões de dólares para a prisão de segurança máxima, não é possível continuar a suportar uma humilhação desse nível”, disse o presidente da Confeniae, José Esach em coletiva de imprensa.
Os manifestantes cercaram a sede da província de Napo, na cidade de Tena, e entoaram “Noboa, escute, Napo está na luta”, exigindo a suspensão do projeto de construção da prisão.
“Não à prisão, não à prisão”, foi ouvido na cidade de Archidona durante uma assembleia realizada também na quinta-feira pelas organizações que promovem protestos com bloqueios em toda a cidade há mais de uma semana.
Na cidade da Amazônia equatoriana, a população reunida concordou em continuar com as manifestações e imediatamente se dirigiu à praça principal de Archidona para protestar.
Na última quarta-feira (11/12), o Congresso equatoriano instou o presidente Noboa a suspender “imediatamente” o projeto de construção da prisão na cidade de Archidona.
A construção de dois presídios de segurança máxima, um na província de Santa Elena e outro na Amazônia, faz parte do plano do presidente Daniel Noboa para enfrentar a crise de segurança que atravessa o país.
A violência do crime organizado transformou o Equador em um dos países mais violentos dos últimos anos, registando uma taxa de homicídios de 47 por 100.000 habitantes em 2023.
O Serviço Nacional de Atenção Integral a Adultos Privados de Liberdade e Adolescentes Infratores (SNAI) anunciou na terça-feira (10/12) o contrato para o novo centro penitenciário à empresa Puentes y Calzadas Infraestructuras S.L.. O documento para a obra prevê que ela deve ser executada dentro de 300 dias após a autorização.
(*) Com Brasil de Fato e TeleSUR