As eleições presidenciais do Equador deste domingo (09/02) serão decididas em segundo turno após um empate técnico entre os dois principais candidatos.
Com 91% das urnas apuradas, o atual presidente, o magnata Daniel Noboa, teve 44,34% dos votos válidos, enquanto Luisa González, candidata de esquerda do correísmo, teve 43,87%. Agora, a segunda rodada de votação é esperada para o dia 13 de abril.
Em terceiro lugar ficou o candidato de esquerda do movimento indígena Pachakutik, Leonidas Iza, com 4,9% dos votos, seguido pela ativista ambiental Andrea González Náder (Sociedad Patriótica), com 2,71%. Os outros 12 candidatos que disputavam o pleito ficaram com menos de 1% dos votos.
A esquerda comemorou como uma vitória, já que as pesquisas eleitorais indicavam vantagem maior para Noboa, com provável definição no primeiro turno.
González mostrou-se eufórica e discursou em Quito para seus apoiadores, aproveitando para parabenizar o terceiro colocado, do movimento indígena, e pedir seu apoio. Já Noboa, cuja equipe havia preparado uma festa de vitória, cancelou-a e não se apresentou para falar com seus apoiadores.
“Nós somos os grandes vencedores. Estamos diante de um candidato presidencial que usou bens do Estado para fazer campanha, violando todas as regulamentações legais”, criticou González. Ela se referia ao fato de que Noboa negou-se a abandonar o cargo para concorrer às eleições, como determina a lei.
Noboa é um candidato que foge do público
Além disso, o presidente-candidato nomeou, por decreto, um novo vice-presidente interino após se desentender com sua vice Verónica Abad. O poder judiciário e o eleitoral se curvaram aos seus interesses, permitindo essas ilegalidades.
Uma campanha, aliás, bem pouco usual, baseada em banners de internet. Noboa quase não foi visto em público. Famoso por ser mal orador, quando lotou o coliseu no encerramento da campanha, ele falou por apenas três minutos. Após o primeiro turno, sequer apareceu em público.

Luisa González e Daniel Noboa vão a segundo turno
Além do presidente, os equatorianos votaram para 151 membros da Assembleia Nacional e cinco para o Parlamento Andino. Embora as apurações ainda estejam insipientes, tudo indica que as Casas também estarão polarizadas em dois grandes blocos.
Com metade dos votos apurados, a Ação Democrática Nacional (ADN), de Noboa, tinha 45% dos membros da Assembleia, enquanto o Movimento Revolução Cidadã (RC), de González e do ex-presidente Rafael Correa, ficava com 38,45%.
Violência e máfias são maiores problemas
A participação no pleito foi de mais de 83% numa jornada marcada por fortes medidas de segurança, com grande mobilização de policiais e militares. Essa, aliás, vem sendo a regra no Equador desde que Noboa assumiu e declarou “conflito armado interno” para combater o crime organizado e a escalada de violência no país.
Esta é a segunda vez que os equatorianos elegem presidente em 16 meses. Em outubro de 2023, o ex-presidente Guillermo Lasso antecipou as eleições presidenciais e dissolveu a Assembleia Nacional após passar por um processo de impeachment. Noboa venceu então o pleito, em segundo turno, disputando com González.
O novo presidente do Equador terá dois grandes desafios pela frente. De um lado, o país tem uma dívida pública de mais de US$ 5 bilhões, o que pode colocar em viso até o pagamento dos funcionários públicos.
Por outro lado, enfrenta uma crise de violência sem precedentes, com gangues locais e cartéis de drogas mexicanos infiltrados nas instituições. Noboa tentou enfrenta-los com uma forte política repressiva, usando até mesmo o Exército.
Num primeiro momento, os homicídios caíram e o Estado retomou o controle das prisões. Com isso, sua popularidade no início do mandato chegava a 70%. Ancorado nisso, ele conseguiu aumentar o IVA e reduzir o subsídio à gasolina sem causar agitação social.
Mas logo a violência recrudesceu com novas ofensivas das máfias. Em janeiro, o país registrou número recorde de homicídios. Além disso, a pobreza e o desemprego aumentaram e os equatorianos sofreram cortes de energia de 16 horas durante quatro meses.
Embora com políticas sociais muito diversas, ambos candidatos propõem mão dura no combate à criminalidade.