A Espanha inaugurou hoje (1) uma nova era da União Europeia (UE) ao assumir durante seis meses a primeira e delicada presidência temporária posterior ao Tratado de Lisboa, que dota os 27 de um presidente permanente, o belga Herman Van Rompuy.
Em sua quarta Presidência europeia, o Governo espanhol terá agora o desafio de desfazer as dúvidas no caminho da recuperação econômica e do emprego, a consolidação dos direitos cidadãos e reforçar a capacidade de liderança e influência dos 27 no cenário internacional.
“Neste período de seis meses, nós nos propomos e aspiramos conseguir um fortalecimento da UE, principalmente no governo econômico da UE, com uma cooperação dos 27 na política e na criação de empregos “, resumiu o presidente do governo, o socialista José Luis Rodriguez Zapatero, também debilitado pela crise.
Metas
Outra tarefa da Espanha será impulsionar e dar forma à nova Europa, nascida a partir do Tratado de Lisboa, com a ideia de fazê-la mais forte e coordenada e com capacidade de liderança diante dos desafios como a saída da crise e a mudança climática.
O controle migratório é outra meta da Espanha, que defende a unificação dos critérios de contratação de trabalhadores e de repatriação para que entrem ilegalmente na UE.
Mais de 350 reuniões ocorrerão na Espanha nos próximos seis meses, dentro de uma agenda de 3 mil atividades, que na maior parte serão realizadas em Bruxelas.
A aplicação do Tratado de Lisboa, que tem por objetivo reforçar o peso da UE no mundo globalizado em que potências como Brasil ou China, desempenham um papel crescente.
Ao manter a presidência por turnos semestrais por país, apesar da criação de um cargo de presidente permanente, o tratado instaura uma direção bicéfala suscetível de gerar atritos.
Embora Zapatero tenha perdido o papel principal ao ceder a Van Rompuy a direção das reuniões, conservará a liderança nos encontros previstos para ocorrerem na Espanha, com os Estados Unidos, a América Latina e União pelo Mediterrâneo e Marrocos.
Além disso, o presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso, parece decidido a não perder seu protagonismo no bloco ante a nova responsável pela diplomacia, a britânica Catherine Ashton.
Cooperação
O fortalecimento da cooperação antiterrorista estará no centro da nova agenda de trabalho que a UE deve pactuar com os EUA na cúpula da qual o presidente norte-americano Barack Obama participará no final de maio em Madri.
A reunião servirá para avaliar se a UE é capaz de falar de igual para igual com potências como os Estados Unidos e a China e de estender sua imagem de unidade a outros capítulos da política externa, acima dos interesses nacionais dos 27.
Para isso, a Espanha pretende contribuir fazendo valer sua boa interlocução com regiões como o Magrebe e Oriente Médio, onde espera resultados tangíveis que ajudem a estender a união pelo Mediterrâneo.
Outros objetivos neste campo serão aproximar um pouco mais a Turquia da UE, diante da resistência da França e da Alemanha.
Mas, a grande prioridade é a América Latina, que terá um papel principal. A Espanha tentará convencer os seus sócios a revogar a posição comum sobre Cuba e fechar importantes acordos comerciais e de associação com países da região.
O Governo espanhol tentará o Acordo de Associação com a América Central, além de avançar na conclusão de acordos multipartidários com países como a Colômbia e Peru.
A Espanha vai tratar de reativar as negociações com o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), bloqueadas desde 2004.
A cúpula bienal UE-América Latina, prevista para maio em Madri, será o palco no qual Espanha espera dar um forte impulso a estas negociações.
Nesta sexta-feira, a Espanha assume também a Presidência semestral da União da Europa Ocidental (UEO), único fórum europeu competente em matéria de Defesa.
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