Mais de vinte organizações sociais e sindicais protestam nesta quinta-feira (19/07) contra o plano de austeridade do governo de Mariano Rajoy. A USO (União Sindical Obreira), a UGT (União Geral dos Trabalhadores) e a CCO (Confederação Sindical de Comissões Obreiras) afirmam que ocorrem manifestações em mais de 80 cidades do país ibérico, além de uma manifestação em Bruxelas, capital da Bélgica e do Parlamento europeu, em frente à embaixada espanhola.
Enquanto os espanhóis tomam às ruas contra os cortes, o Parlamento espanhol aprovou nesta quinta (19/07) o pacote de medidas proposto pelo governo de Rajoy.
Agência Efe
Bomberos protestam contra os cortes anunciados pelo governo nesta quinta-feira
Segundo os organizadores, os protestos são uma reação ao que chamam de “agressão sem precedentes” do governo espanhol contra o Estado de bem-estar social do país. Para o secretário-geral da UGT, Cándido Méndez, o governo do PP (Partido Popular) “sacrificou todo o povo espanhol para que se tranqüilizem os mercados financeiros, que seguem sem confiar no governo”.
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Em seu discurso durante um curso na Universidade Complutense de Madri, Méndez considerou “lógico” que os cidadãos do país “não queiram ajoelhar-se diante dos mercados financeiros, como o governo pretende fazer”. Segundo ele, o Eecutivo “tem que meditar, reflexionare não tentar tirar conclusões equivocadas”, como converter uma manifestação em um problema jurídico.
Agência Efe
Na Porta do Sol, em Madri, milhares de pessoas acompanham a “marcha negra” dos mineiros no dia 10 de julho
Já o secretário de ação sindical do CCOO, pediu que os políticos do país pensem mais nos trabalhadores e nos desempregados em seus cortes de despesas. “O governo deve governar para os espanhós, não para os mercados nem para a senhora Merkel”, afirmou Ramón Górriz, referindo-se à chanceler alemão Angela Merkel.
Da forma inédita, os principais sindicatos da classe trabalhadora vão às ruas junto de organizações setoriais, como as associações da polícia e de guardas civis, e da Confederação Geral do Trabalho, grupo anarcosindicalista. O movimento 15-M também participa das mobilizações.
Pacote de austeridade
O Parlamento espanhol aprovou nesta quinta-feira (19/07) o maior corte ao orçamento público da história democrática da Espanha com votos apenas de congressistas do PP. Com exceção do partido governista, todos os outros grupos parlamentares, incluindo partidos de direita como o CiU, se opuseram à medida. Deputados do partido de esquerda PSOE nem sequer participaram da votação, segundo o jornal El Pais. Dos 312 deputados que votaram, 180 foram favoráveis a aprovação da medida, 131 contra e 1 se absteve.
A decisão aprova o plano de austeridade anunciado por Rajoy no dia 11 de julho que visa diminuir os gastos do governo em 65 bilhões de euros até 2014. Os cortes são um requisito da União Europeia para a liberação do empréstimo de até 100 bilhões de euros para salvar os bancos do país.
Para atingir a meta de reduzir o déficit em 3% até 2014, o governo vai aumentar a arrecadação pública e diminuir seus gastos, o que afeta diretamente a sociedade espanhola que encontrará produtos mais caros nos mercados e menos benefícios públicos.
Agência Efe
Em Madri, mineiros que protestavam contra cortes do governo são duramente reprimidos pela polícia no dia 10 de julho
O IVA (imposto sobre o valor agregado), que já foi reajustado em 2010, irá aumentar mais uma vez. O IVA geral, aplicado em mercadorias como eletrodomésticos, cosméticos, roupas, bebidas alcoólicas e tabaco, subirá de 18% para 21%. O IVA reduzido, aplicado em itens sanitários e serviços de lazer, passará de 8% a 10%. A taxa sobre os produtos de primeira necessidade se manterá em 4%.
Outros impostos, como o de contaminação do meio ambiente e de consumo de tabaco, também irão sofrer aumento enquanto que será eliminada a dedução fiscal por compra de casa a partir de 2013.
Entre as medidas de redução do orçamento público no país que detém a maior taxa de desemprego da zona do euro (25,3%), Rajoy anunciou que o valor do auxílio aos 5,7 milhões de espanhóis desempregados será reduzido a partir do sexto mês de recebimento.