Sistemáticas violações dos direitos humanos, discriminação por motivos religiosos ou de gênero, escravidão sexual e estupro, além do constante medo, inclusive o de perder a vida. Assim o relator especial das Nações Unidas sobre a promoção e proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais na luta antiterrorista da ONU, Ben Emmerson, descreve a situação das cerca de 8 milhões de pessoas que vivem em territórios sob o controle do EI (Estado Islâmico), no Iraque e na Síria.
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Agência Efe
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Em seu relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU no mês passado e divulgado nesta segunda-feira (03/08), Emmerson observa que “a natureza brutal e a escalada geral dos abusos parece ter a intenção de reforçar o monopólio absoluto do grupo sobre a vida política e social e de garantir o cumprimento e a conformidade entre as comunidades sob seu controle. O resultado é que os civis que permanecem nas zonas controladas pelo ISIL vivem em um estado de medo constante e quase inimaginável”.
O grupo jihadista, que pretende instaurar um califado em regiões da Síria e Iraque, tem como alvos principais grupos religiosos e étnicos desses países. Assim, essas comunidades têm sido forçadas a assimilar, fugir ou encarar a morte, explicou o relator. Também as mulheres são alvos do grupo e enfrentam violência sexual e baseada no gênero, incluindo a escravidão sexual, assassinatos e estupro.
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A adesão ao grupo por parte de pessoas ao redor do mundo é algo que vem preocupando governos da Europa e dos Estados Unidos. De acordo com o relatório, mais de 20 mil combatentes estrangeiros se juntaram às fileiras de grupos armados não estatais de cerca de 80 países ao redor do mundo.
Crianças de até oito anos são treinadas para serem usadas em ações militares. “Elas são expostas a vídeos de execuções em massa e decapitações para que elas percam a sensibilidade para as formas de violência empregadas pelo grupo”, disse Emmerson.
O grupo concentra suas ações em áreas urbanas e usam escolas e hospitais como bases militares para provocar a morte de civis no caso de um eventual ataque da coalizão internacional.
O relator considerou ainda, no documento entregue às Nações Unidas, que o Conselho de Segurança tem fracassado em tomar medidas apropriadas e ações imediatas para proteger civis em áreas afetadas.