Ao menos dois territórios ultramarinos franceses e o departamento da Guiana registraram uma tendência contrária à guinada da extrema direita na França e elegeram deputados da esquerda no segundo turno das eleições legislativas. As autoridades divulgaram neste domingo (07/07) os resultados do pleito nas ilhas da Martinica e da Guadalupe, no Caribe, e da Guiana, na América do Sul, que foram às urnas na véspera, abrindo o pleito.
Deputados da esquerda se reelegeram nas quatro zonas eleitorais da Guadalupe, onde a taxa de participação foi de 34,67%, em alta em relação à 2022 (28%). Nos dois casos em que a disputa foi com candidatos da extrema direita, a vitória dos progressistas mostrou uma forte rejeição. Foi o caso dos dois deputados independentes da esquerda, Christian Baptiste e Max Mathiasin, que registraram, respectivamente 72,38% dos votos e 69,15% contra os representante dos Reunião Nacional (RN), Laurent Petit (27,62%) e Rody Tolassy (30,85%).
A esquerda também marcou o segundo turno na ilha da Martinica, onde o deputado Jean-Philippe Nilor, da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), obteve 86,58% dos votos contra o candidato do Reunião Nacional Gregory Roy-Larentry (13,42%). Pela aliança progressista também se reelegeram Jiovanny William (81,97%) e Marcellin Nadeau (65,68%). Já a candidata socialista Béatrice Bellay obteve 54,53% dos votos diante do representante da NFP Johnny Hajjar.
Na Guiana Francesa, departamento francês que faz fronteira com o Estado do Amapá, no norte do Brasil, dois deputados do NFP se reelegeram. Jean-Victor Castor registrou 76,11% dos votos diante de um concorrente sem partido Boris Chong-Sit (23,89%). Já Davy Rimane se reelegeu com apenas 17% dos votos, depois da desistência da candidata sem partido Sophie Charles.
Autonomistas x independentistas
Na Polinésia Francesa, no Oceano Pacífico, o segundo turno das eleições legislativas opuseram defensores da autonomia do arquipélago a independentistas. Esse vasto território ultramarino francês conta com três zonas eleitorais. Em uma delas, a independentista Merena Reid Arbelot se reelegeu com 50,87% dos votos.
A autonomista Nicole Sanquer obteve 55,88% dos votos, impedindo que seu rival Steve Chailloux, se reelegesse. Outro defensor da autonomia da região, Moerani Frébault, se elegeu já no primeiro turno com 54%, diante do independentista Tematai Le Gayic (35%).
A Nova Caledônia, território francês no Oceano Pacífico que foi palco de uma revolta há algumas semanas, elegeu o primeiro independentista desde 1986. Emmanuel Tjibaou, aliado do NFP, ficou com 57,44% dos votos diante de Alcide Ponga, do partido conservador Os Republicanos.
Na 1ª zona eleitoral da Nova Caledônia, o deputado Nicolas Metzdorf, partidário do governo de Emmanuel Macron, obteve 52,41% dos votos contra a independentista Omayra Naisseline. Metzdorf é relator do projeto de lei que prevê uma reforma no corpo eleitoral do arquipélago, que suscitou várias semanas de violência na Nova Caledônia.
A taxa de participação também registrou recorde no território: 71,35%, um resultado inédito para uma eleição legislativa desde 1981. Os primeiros resultados gerais do segundo turno em toda a França serão divulgados às 20h pelo horário de Paris (15h em Brasília).