Domingo, 20 de julho de 2025
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A presidente da Câmara dos Representantes (deputados) dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, anunciou hoje (21) que irá devolver o projeto de reforma do sistema de saúde ao Senado, por reconhecer que a base governista não tem votos para aprová-lo do jeito que está. A medida é um retrocesso para a principal promessa de campanha do presidente Barack Obama na área social, após ter perdido a “supermaioria” no Senado esta semana, com a eleição de um republicano para a vaga do falecido democrata Ted Kennedy.

“Não creio ser possível aprovar o projeto do Senado na Câmara. Não vejo votos para ele neste momento”, disse a democrata Pelosi, segundo o jornal The Washington Post, após reunir-se com a bancada do partido.

A presidente da Câmara tentou convencer membros relutantes de seu partido a aprovar o projeto de reforma da saúde sem novas modificações, para que fosse logo enviado à sanção presidencial. Mas deputados mais moderados têm receio de que, se apoiarem o projeto como está, podem perder votos de conservadores nas eleições parlamentares de novembro. Por outro lado, os chamados “liberais” (da ala progressista) criticam a reforma como tímida demais.

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Ontem, Pelosi disse, segundo a agência Efe, que a perda de uma vaga por Massachussetts (que era de Kennedy até morrer, em agosto) – e, consequentemente, da chamada “supermaioria” (um mínimo de 60 senadores num total de 100) no Senado não impediria a aprovação da reforma da saúde.

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Mas analistas sugerem que a eleição do republicano Scott Brown para a vaga forçou a uma reavaliação da estratégia governista às pressas. Nancy Pelosi e o líder do governo do Senado, Harry Reid, terão de buscar um texto final que agrade a todas as tendências dentro dos quadros do Partido Democrata. E, de quebra, consiga apoio de parte dos republicanos.

“Sempre achei, desde o início, que a melhor maneira de adotar algo tão ambicioso quanto a reforma da saúde era contar com apoio dos dois partidos”, disse o senador independente (ex-democrata) Joe Lieberman. “É preciso ouvir o recado mandado por Massachusetts, e acho que eles querem que trabalhemos juntos e não façamos tudo de uma vez”.

Começar do zero

Na quarta-feira, Obama sugeriu em público que a Câmara e o Senado deveriam recomeçar do zero, negociando a partir de uma versão reduzida do projeto, que teria mais ônus para os planos de saúde e abrangeria menos beneficiados.

“Sabemos que precisamos de reforma nos planos, que as seguradoras de saúde estão levando vantagem sobre as pessoas”, disse Obama em entrevista à emissora ABC. “Sabemos que temos de ter alguma forma de contenção de custos porque, senão, nosso orçamento vai estourar. E sabemos que as pequenas empresas vão precisar de ajuda”.

Ao mesmo tempo, Reid adotou uma posição mais cautelosa. “Não vamos apressar nada. O projeto que aprovamos no Senado vale por um ano. Há várias maneiras de avançar com a reforma da saúde, mas não vamos tomar nenhuma decisão agora”, disse o líder governista, de acordo com o Washington Post.

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