Em um novo gesto de boa vontade da administração de Barack Obama em relação ao Irã e por ordens do presidente, o Departamento de Estado enviou na sexta-feira passada um telegrama – até agora confidencial – a suas embaixadas e consulados no mundo, autorizando o convite a diplomatas iranianos à festa de comemoração do dia nacional norte-americano, em 4 de julho.
O gesto acaba com um virtual embargo aos convites a diplomatas iranianos para recepções em embaixadas dos Estados Unidos, implementado desde que em 1979, ano da Revolução Islâmica, estudantes radicais ocuparam a embaixada norte-americana em Teerã, sequestraram todo o pessoal diplomático durante um ano e os dois países cortaram relações.
“É outra oportunidade de dizer que não colocamos barreiras às vias de comunicação”, comentou um funcionário da administração Obama, citado pelo The New York Times. “É uma oportunidade que não se deve deixar passar”, sublinhou.
O convite foi revelado ontem (2) por um dos funcionários que acompanham a secretária de Estado, Hillary Clinton, que finalizou sua visita pela América Central, que a levou a El Salvador e Honduras, e embarcou para o Egito, dias antes que Obama se desloque ao país árabe para pronunciar aquilo que diplomatas norte-americanos consideram seu primeiro discurso mais importante dedicado ao mundo muçulmano. O discurso deverá ser pronunciado amanhã (4), no Cairo, em lugar ainda não revelado por questões de segurança.
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Novo começo
Nos primeiros dias de março, Obama deu o primeiro indício de que quer uma relação diferente com Teerã, ao autorizar que diplomatas norte-americanos cumprimentassem seus homólogos iranianos durante una conferência sobre o Afeganistão realizada na Holanda.
O gesto surpreendeu tanto os iranianos que estes demoraram 48 horas para reagir até que, quando retornou ao Irã, o ministro do Exterior, Manoucheher Mottaki, aceitou não só os encontros, como os defendeu diante dos setores mais radicais do regime.
Duas semanas depois, o presidente norte-americano gravou uma mensagem televisiva exclusivamente orientada aos iranianos propondo “um novo começo” entre os dois países.
As recepções diplomáticas por ocasião do 4 de julho são conhecidas mundialmente por servirem sempre o mesmo menu: cachorros quentes, batata frita, Coca-Cola e feijão doce com bacon, enfeitados com bandeirinhas e fitinhas azuis, brancas e vermelhas, as cores nacionais.
América Latina
A tentativa de aproximação também se dá num momento em que os Estados Unidos tratam de recuperar
sua influência na América Latina, onde o Irã está conquistando
posições, com a ajuda do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e seu
colega nicaraguense, Daniel Ortega.
No mês passado, Hillary classificou ante uma assembléia
de empregados do Departamento de Estado a influência do Irã na América
Latina como “preocupante”.
“[Os iranianos] estão construindo fortes laços
econômicos e políticos com muitos líderes [latino-americanos]. Não
penso que isso nos seja conveniente”, disse Hillary.
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