EUA enviam primeiro voo militar com deportados para Guantánamo
Plano de Trump é enviar 30 mil imigrantes em situação ilegal para a prisão em base naval
O governo dos Estados Unidos enviou nesta quarta-feira (05/01) o primeiro voo com deportados para a prisão de Guantánamo.
A previsão é que nas próximas semanas outros 5 mil imigrantes em situação ilegal detidos pelas autoridades de El Paso (Texas) e San Diego (Califórnia) cheguem à prisão, informa a agência Reuters.
Donald Trump, presidente norte-americano, pretende deportar até 30 mil pessoas para a prisão instalada em sua base naval na baía de Guantánamo, em Cuba. O plano foi anunciado há uma semana quando ele ordenou ao Departamento de Segurança Interna que ampliasse as instalações.
“O presidente Donald Trump não está brincando e não permitirá mais que os Estados Unidos sejam um depósito de criminosos ilegais de todas as nações do mundo”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt.
A desumanização dos imigrantes
Atualmente, a base naval de Guantánamo abriga cerca de 6 mil pessoas, entre militares e civis. O local foi arrendado aos Estados Unidos em 1903, em um contrato sem prazo para terminar. Depois da Revolução Cubana, o governo conduzido por Fidel Castro solicitou por diversas vezes a devolução do local sem sucesso.
Após os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York, o governo de George W. Bush construiu uma prisão e instalou tribunais militares lá para julgar suspeitos de terrorismo. Entretanto, centenas de inocentes foram detidos, enfrentando tortura e anos de prisão sem sequer haver um processo formal. Escândalos desses abusos consolidaram a fama nefasta do local.
Ao lado da prisão original foi instalada outra, menor, para abrigar imigrantes em status ilegal recolhidos no mar.

Kathleen T. Rhem / Wikimedia Commons
Governo Trump quer usar local para enviar imigrantes em situação ilegal
Temor pelas condições desumanas
Em entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia, a advogada Alka Pradhan, que trabalha nas comissões militares de Guantánamo, manifestou preocupação com a decisão.
Levando em conta o histórico do local, ela teme que os detidos possam ficar lá “em condições desumanas” por “tempo indeterminado”.
Ela lembrou que em Guantánamo a Constituição não é aplicada integralmente e a Lei de Imigração e Nacionalidade não está em vigor. “Por isso não há como saber se os casos desses imigrantes serão processados de forma justa”.
A preocupação aumenta quando se lembra que o chefe do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos se recusou, no domingo, a informar se mulheres e crianças também poderiam ser mantidas na prisão de Guantánamo.