EUA lançam ofensiva de grande porte contra Talibã em região produtora de ópio no Afeganistão

O exército dos Estados Unidos lançou hoje (12) uma operação de grandes proporções no Afeganistão para tentar remover o Talibã da região em volta de Marja, na província de Helmand, no sul do país. Segundo o jornal norte-americano The Washington Post, milhares de fuzileiros navais, com ajuda de soldados afegãos, partiram para a zona de combate em helicópteros e veículos resistentes a minas na madrugada de sábado (hora local).

A região de Marja é rica no cultivo de papoula, a matéria-prima para a produção de ópio, cujo tráfico gera importante receita para guerrilhas, grupos terroristas e líderes tribais na Ásia Central. A ofensiva, batizada de Operação Mushtarak (“juntos”, em persa), tem o objetivo de expulsar o Talibã e garantir o controle do governo de Cabul sobre a área.

De acordo com o Washington Post, a primeira leva de marines e soldados afegãos chegou à zona rural de Marja por volta das 2h de sábado (hora local), em helicópteros de transporte CH-53 Super Stallion. Em seguida, caças AV-8B Harrier e helicópteros de AH-1 Cobra começaram a sobrevoar o local.

Novas levas de tropas devem chegar à zona de combate ainda este sábado (13), e o plano de batalha revelado pelo comando pretende tomar a cidade de Marja em avanço terrestre, usando pontes móveis para atravessar canais de irrigação – curiosamente, construídos por engenheiros dos próprios EUA nos anos 1960 – que são usados como fossos defensivos pelos talibãs. Os soldados também terão de cruzar um cordão de minas e bombas caseiras enterradas em volta da cidade.

De acordo com a rede de televisão CNN, a aviação dos EUA tinha sobrevoado Marja, de 80 mil habitantes, nos últimos dias, pedindo para que a população permaneça na cidade. O comando militar norte-americano no Afeganistão também disse que pretende “minimizar” as mortes de civis.

Entre os fuzileiros navais envolvidos na Operação Mushtarak, estão alguns dos 30 mil soldados enviados pelo presidente Barack Obama no final do ano passado.

“Vamos tomar Marja do Talibã”, declarou o brigadeiro-general Lawrence D. Nicholson, comandante da 2ª Brigada Expedicionária Naval. Se for bem-sucedida, disse, a operação pode levar “uma mudança fundamental em Helmand e, por extensão, a todo o país do Afeganistão”.

Colaboração afegã

A operação é uma das maiores dos oito anos que já dura a guerra do Afeganistão (desde 2001), envolvendo uma cooperação com tropa afegãs maior do que todas as precedentes. Cada companhia de fuzileiros navais norte-americanos será acompanhada por uma de soldados afegãos. Pela primeira vez, marines e afegãos sentaram lado a lado nos helicópteros, e o comando será compartilhado entre generais dos EUA e do Afeganistão.

Segundo oficiais dos EUA, o presidente afegão, Hamid Karzai, autorizou a ofensiva na tarde de sexta-feira, depois de conhecer os planos pelas mãos do embaixador norte-americano, Karl W. Eikenberry, e do general Stanley McChrystal, comandante das forças da OTAN no país. É a primeira operação de grande porte no conflito respaldada previamente por Karzai.

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