Mensagens trocadas entre a embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires e o Departamento de Estado norte-americano e reveladas no domingo (28/11) pelo website WikiLeaks mostram que a presidente argentina Cristina Kirchner aceitou “cooperar com o governo dos EUA na Bolívia” em setembro de 2008.
“Cristina afirma que Argentina cooperará com o governo dos EUA na Bolívia, mas temos de ser cuidadosos para que não pareça que existe uma 'operação política' contra o governo, dadas as suspeitas de Evo Morales”, afirma um telegrama norte-americano. Na ocasião, o secretário de Estado-adjunto do presidente George W. Bush para América, Thomas Shannon, deu garantias à presidente argentina de que os EUA garantiriam a integridade territorial da Bolívia.
“Evo não é uma pessoa fácil, confia Cristina, fazendo notar que a Argentina tem problemas para conseguir que a Bolívia a abasteça de gás natural. Todos precisamos ter paciência, disse-nos”, afirmou o então embaixador norte-americano em Buenos Aires, Anthony Earl Wayne.
Meses antes, em junho, uma mensagem para os EUA informou os esforços do ex-chanceler argentino Jorge Taiana, a pedido do embaixador norte-americano, para diminuir as tensões da Bolívia em relação a Washington. “Taiana informa que ligou três vezes para o vice-ministro boliviano, Hugo Fernández Araujo, para insistir nestes dois pontos”, redige o embaixador em documento, referindo-se também ao seu pedido de garantia da segurança da embaixada norte-americana em La Paz.
“Esperamos que a Argentina desempenhe um papel positivo para evitar um conflito e levar a bons rumos a democracia na Bolívia; que influencie o presidente equatoriano Rafael Correa, para que se comporte com mais moderação; que tome uma posição mais construtiva, madura e equilibrada no conflito colombiano e que influa positivamente na sua contrapartida venezuelana”, diz um relatório enviado pela embaixada na Argentina sobre as exigências dos EUA ao governo Kirchner, em agosto de 2008.
Saúde dos Kirchner
Ainda segundo documentos divulgados pelo Wikileaks, o Departamento de Estado solicitou à embaixada dos EUA em Buenos Aires um “perfil” de Cristina Kirchner em dezembro do ano passado, segundo os documentos. O pedido incluía dados sobre a personalidade da presidente e “sua saúde mental”, “sua visão política” e “sua forma de trabalho”.
Entre as perguntas feitas, estavam dúvidas sobre as circunstâncias em que a presidente controla melhor seu estresse, se toma algum tipo de medicamento e como a tomada de decisões afeta suas emoções.
Sobre o ex-presidente Néstor Kirchner, falecido por infarto fulminante há um mês, as perguntas sondavam o estado de seus problemas gastrointestinais, se demonstrava tendência de oscilação de estado emocional e questionava as causas mais comuns de sua “fúria”.
“Temos um conhecimento mais sólido sobre o estilo e a personalidade de Néstor Kirchner do que sobre Cristina Fernández de Kirchner e gostaríamos de ampliar a visão sobre a personalidade de Cristina”, relata documento secreto enviado pelo departamento.
A preocupação se explica pela visita do novo secretário de Estado adjunto para a América, Arturo Valenzuela, alguns dias antes, quando a embaixada mencionou em um informe a “intolerância” do governo argentino “na hora de receber críticas”.
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