EUA querem criar fronteira militarizada no Novo México
Segundo Washington Post, gestão Trump trabalha para criar zona-tampão ocupada por tropas e deter migrantes
O governo do presidente norte-americano Donald Trump está trabalhando em um plano para criar uma zona-tampão militarizada ao longo da fronteira sul do Novo México. A informação é do jornal Washington Post.
Segundo o jornal, a fronteira seria ocupada por tropas norte-americanas com poderes para deter pessoas que tentassem entrar no país. A reportagem foi publicada após relatos, sob condição de anonimato, com autoridades envolvidas no projeto.
A chamada reserva Roosevelt se estende ao longo dos 290 quilômetros da fronteira sul do Novo México e são terras federais. A lei norte-americana permite que o governo transfira até 20 km² de terras federais para o Departamento de Defesa sem aprovação do Congresso.
Dar a essa faixa – ou parte dela – o status de instalação militar permitiria aos soldados deter qualquer um que invadisse essa “base militar”. Isso permitira aos militares deter imigrantes não autorizados, contornando uma lei federal (Posse Comitatus) que proíbe que o Exército atue na maioria das ações de aplicação da lei em território doméstico.
O formato da proposta também permitiria ao governo dirigir uma parte do orçamento do Departamento de Defesa à proteção das fronteiras, além de aumentar as penalidades para os migrantes que cruzassem ilegalmente, acelerando a deportação.
Um velho sonho dos conservadores
O plano atende a uma vontade antiga dos conservadores. Em 2018, na sua primeira gestão, Trump já dizia que faria isso. A declaração, à época, teve grande repercussão, mas nunca se concretizou.

O muro construído por Trump na fronteira do México em seu primeiro mandato
Em 2022, o candidato ao Senado do Arizona Blake Masters propunha exatamente isso em sua propaganda eleitoral. Ele recebeu apoio do bilionário da tecnologia Peter Thiel, que também financiou a campanha de JD Vance, agora vice-presidente dos EUA, naquela eleição.
Desde que reassumiu a Presidência, Trump intensificou a repressão contra os imigrantes. Ele enviou tropas ativas e armamento militar para a fronteira com o México e, na última semana, autoridades enviaram um contratorpedeiro da Marinha para auxiliar na repressão pelo mar.
A gestão do republicano também ampliou as funções das instalações militares, usando até a detenção da Baía de Guantánamo, em Cuba, para manter imigrantes em situação irregular.
Nos últimos dias, o Departamento de Defesa expandiu sua presença ao longo da fronteira sul. Até segunda-feira (17/03), mais de 10 mil membros ativos das Forças Armadas estavam envolvidos nos esforços de segurança de fronteira.
Com isso, as travessias caíram de 124.522, em dezembro, para 28.654, em fevereiro.
