EUA querem deportar imigrantes sem apresentar destino; juiz fala em ‘desacato’
Casa Branca não confirmou ida de avião com oito pessoas ao Sudão do Sul, contrariando liminar que proíbe envio de imigrantes a países terceiros
Uma autoridade da Segurança Interna dos Estados Unidos informou, nesta quarta-feira (21/05), que o governo do presidente Donald Trump está tentando deportar oito imigrantes “condenados por crimes graves” no país. A informação é da agência britânica Reuters.
A notícia foi publicada após um tribunal federal norte-americano agir contra uma ação da administração republicana de deportar um grupo de estrangeiros para o Sudão do Sul.
Porém, segundo a Reuters, a fonte da Segurança Interna, contudo, se recusou a comentar sobre a possibilidade deste grupo ser deportado ao país africano, que é assolado pela violência e enfrenta uma crise alimentar, com quase dois terços de seus 11 milhões de habitantes precisando de ajuda humanitária, ser o mesmo caso que mencionou anteriormente.
Embate entre tribunal e Trump
De acordo com a emissora catari Al Jazeera, o juiz distrital de Boston, Massachusetts, Brian Murphy, “repreendeu” o governo Trump após uma moção de emergência em nome dos deportados que estariam a bordo de um voo para o Sudão do Sul.
Segundo Murphy, a moção solicitada por advogados de imigração, da Aliança Nacional de Litígio sobre Imigração, ocorreu porque os migrantes estavam em busca de uma explicação, uma vez que sua deportação “provavelmente resultará em perseguição, tortura e/ou morte”.
Para o juiz, “os relatos de deportações para o Sudão do Sul parecem violar” sua ordem judicial anterior, se referindo a uma liminar emitida em 18 de abril, que proibia a deportação de migrantes para países que não fossem os de sua origem. Acusou assim, o governo Trump de “desacato”.

Joyce N. Boghosian
Além disto, instou aos advogados do governo republicano a identificação do paradeiros dos migrantes e dos crimes que foram acusados. Também indicou que poderia exigir a reversão do voo.
Por sua vez, Elianis Perez, advogado do Departamento de Justiça de Trump, respondeu que as informações solicitadas pelo juiz, em especial o destino de um dos deportados, um vietnamita condenado por homicídio, são “confidenciais” e que não considera a deportação atual como uma violação à ordem judicial anterior porque um dos migrantes, que é birmanês, está sendo deportado a Mianmar, e não ao Sudão do Sul.
Contudo, a advogada do migrante birmanês, Jacqueline Brown, contactou o Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) ao perceber que seu nome não constava mais no localizador de detentos do órgão. Em resposta, o governo informou que seu registro não estava mais disponível porque ele havia sido removido dos Estados Unidos para o Sudão do Sul.
Segundo os advogados da Aliaça, o migrante do Vietnã “parece ter sofrido o mesmo destino”.
Na prática, apesar do embate Murphy não ordenou que avião retornasse aos EUA, mas que “os migrantes devem permanecer sob custódia do governo e ser “tratados humanamente” enquanto aguardam uma audiência”, a ser realizada nesta quarta-feira, segundo a BBC. Ou seja, é possível que o voo permaneça estacionado na pista após pousar no Sudão do Sul.
(*) Com Prensa Latina, informações de Al Jazeera, CNN, Reuters e The Guardian
