A Casa Branca anulou o visto de entrada nos Estados Unidos de quatro funcionários do governo golpista de Honduras, cumprindo uma lei aprovada durante a administração de George W. Bush, tal como adiantaram fontes diplomáticas ao Opera Mundi, na semana passada.
A legislação permite recusar vistos de entrada ao país a todas as pessoas suspeitas de participarem de violações dos direitos humanos, corrupção ou violência política, incluindo participação ou cumplicidade em golpes de Estado.
Os nomes dos membros do governo golpista que tiveram os vistos suspensos não foram divulgados pelo Departamento de Estado americano. Mas a vice-chanceler hondurenha, Martha Lorena Alvarado, revelou dois nomes: o do juiz Tomás Arita, que ordenou aos militares a detenção de Manuel Zelaya, e o presidente do Parlamento, Alfredo Saavedra. Ela também afirmou desconhecer os demais nomes já que “as notificações são diretas aos envolvidos”.
Segundo fontes do Departamento de Estado, que falaram hoje (28) ao Opera Mundi, os vistos anulados incluem também os de familiares dos membros do governo golpista, inclusive aqueles que estão estudando nos Estados Unidos, e deverão retornar imediatamente a Honduras.
Além disto, as fontes americanas confirmaram que estão revisando os vistos de entrada no país do restante dos funcionários hondurenhos que estão a serviço de Roberto Micheletti, incluindo familiares. “Aquilo que menos nos importa neste momento é se suas esposas ou filhos querem ir fazer compras em Miami em um fim de semana. Nossa economia não vai sofrer por isso”, afirmou ao Opera Mundi, em tom sarcástico, um diplomata norte-americano familiarizado com assuntos latino-americanos.
Na opinião dele, o governo de Micheletti deve aceitar a exigência da Organização de Estados Americanos (OEA) de devolver a presidência a Zelaya e “levar a sério as diligências de paz do presidente [da Costa Rica] Óscar Arias”.
Postura mantida
Nesta tarde, durante a reunião diária com os jornalistas, o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, reafirmou a posição americana quanto ao caso. “Reconhecemos apenas o governo de Manuel Zelaya e, nessa linha coincidente com nossa política, de não reconhecer [o governo de Micheletti], decidimos anular os vistos de quatro pessoas que servem a esse regime”.
Em linguagem diplomática norte-americana, a palavra “regime” é apenas usada quando suas autoridades consideram como ditatorial o governo de um país.
Na semana passada, uma fonte diplomática norte-americana adiantou ao Opera Mundi a decisão de anular os vistos de funcionários do governo golpista de Honduras. “Os Estados Unidos não vão aceitar, de modo nenhum, uma quebra na constitucionalidade democrática. A política do presidente Obama nesse sentido é clara”, disse a fonte, que pediu para não ser identificada, porque a seção Latino-Americana do Departamento de Estado se encontra num período de transição.
No domingo passado, a secretária de Estado, Hillary Clinton, avisou que Washington se preparava para apertar o cerco a Tegucigalpa. “Nossas relações não vão melhorar enquanto não haja em Honduras um regresso à regra constitucional”, disse Hillary, numa entrevista à rede de televisão NBC.
A medida do Departamento de Estado aumenta a pressão sobre Micheletti para que ele aceite a proposta de Arias, que, entre outros aspectos, contempla a formação de um governo de unidade e reconciliação nacional, o adiantamento das eleições e uma anistia geral para os crimes políticos.
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Viagem autorizada
Também hoje, o governo golpista de Roberto Micheletti permitiu que os parentes de Manuel Zelaya viajassem à Nicarágua, vários dias após permanecerem em uma reserva militar perto da fronteira.
A mulher e a mãe de Zelaya, Xiomara Castro e Hortênsia Rosales, respectivamente, e outros familiares, viajaram da reserva para o posto fronteiriço de Las Manos.
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