A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, disse nesta terça-feira (22/01) que o bloco tem como “prioridade absoluta” negociar com o presidente norte-americano Donald Trump para evitar uma guerra comercial com o país que é seu segundo maior parceiro comercial.
Porém, ela deixou claro também que o bloco pretende ampliar a cooperação com outros países.
“A Europa continuará a defender a cooperação, não só com os nossos amigos de longa data, que partilham nossos valores, mas também com todos os países com os quais temos interesses comuns. A mensagem que enviamos ao resto do mundo é simples: estamos prontos para dialogar com vocês se isso puder levar a benefícios mútuos”, disse a presidente da CE.
As declarações foram feitas na abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Suas palavras respondiam às ameaças de Trump de elevar as taxas para a importação de produtos da União Europeia (UE).
Com isso, ele pressiona os europeus a comprarem mais produtos norte-americanos para reduzir o déficit comercial de seu país com o bloco.
“A União Europeia é muito má conosco. Eles nos tratam muito mal, não compram nossos carros nem nossos produtos agrícolas. Portanto, servem para taxas alfandegárias”, disse Trump.

“Acordo com Mercosul é vitória para a Europa”, disse Ursula von der Leyen no Uruguai em dezembro
Novos acordos com outros parceiros
Enquanto as negociações não saem, já que von der Leyen ainda não conseguiu uma reunião com Trump, a UE aposta em diversificar seus parceiros comerciais. O alvo preferencial são outras potenciais vítimas do protecionismo norte-americano.
Desde que Trump ganhou as eleições, a Comissão Europeia vem intensificando seus esforços para concluir acordos comerciais com esses países. Em dezembro de 2024 concluiu um com o Mercosul – que alguns consideram negativo para o Brasil – e, em 17 de janeiro, anunciou um acordo de livre comércio com o México.
Uma fonte ouvida pelo jornal francês Le Monde diz que o bloco poderá, ainda, ampliar o Acordo Comercial e Econômico Global (Ceta) que mantém com o Canadá.
A presidente da CE também anunciou uma viagem à Índia e disse que o bloco está pronto para “aprofundar” sua relação com Pequim. A China – escolhida por Trump como o inimigo número 1 – já desbancou no ano passado os EUA como maior parceiro comercial da Europa.
A redução da participação dos EUA na segurança europeia
Ao lado das questões comerciais, Ursula von der Leyen garantiu que a Europa se manterá firme dentro do marco do acordo climático de Paris, que fixa o compromisso de zerar as emissões de CO2 até 2050.
A vice-presidente da Comissão Europeia, Stéphane Séjourné, destacou a íntima relação entre as negociações comerciais e a redução da participação dos EUA na segurança da Europa.
Segundo ela, o acordo que o bloco busca com Trump terá de abordar como construir garantias de segurança para o continente desvinculadas dos norte-americanos. “E não podemos fazer isso com uma guerra comercial às nossas portas”, disse Séjourné à France Inter na segunda-feira (20/01).