A União Europeia pretende aumentar a importação de biocombustível para que, até 2020, 10% do combustível usado no continente seja feito com energia renovável, cumprindo assim a meta estabelecida pelo bloco. Para isso, terá de importar mais etanol e biodiesel.
A informação é do embaixador-chefe da Delegação da Comissão Européia no Brasil, João José Soares Pacheco. Segundo ele, a Europa ainda não importa muito biocombustível, mas vai procurar intensificar o comércio de substitutos dos derivados de petróleo a partir de agora.
“As condições de acesso ao mercado europeu serão feitas de duas formas: a partir das melhores condições de sustentabilidade e de futuros acordos de livre- comércio”, afirmou Pacheco no Seminário Exportação e Logística do Etanol: Caminhos para a Consolidação da Liderança Global, realizado em São Paulo na última sexta-feira (6).
O embaixador disse que a União Européia reconhece o fato de não ser um produtor competitivo de biocombustível, nem ter condições de se tornar um. E que os países em desenvolvimento, principalmente na América Latina, representam um grande mercado produtor potencial.
Pacheco explicou que ainda há uma carga alfandegária elevada, tanto para o etanol, opção à gasolina, quanto para o biodiesel, utilizado para substituir o óleo diesel, o que dificulta a comercialização destes combustíveis – a taxa atual para o etanol entrar na Europa é de 22 centavos de dólar por litro, ou 54 por galão.
Além do imposto alto, os europeus têm uma espécie de resistência cultural ao biocombustível. Segundo ele, nos últimos dois anos houve uma forte campanha da mídia contra o etanol, alegando que ele compete com a produção de alimentos. Leia mais sobre essa polêmica.
Desmatamento
Também há críticas ao desmatamento para o plantio da matéria-prima. De acordo com Eduardo Leão de Souza, diretor executivo da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o Brasil tem uma área cultivável de 851 milhões de hectares e as plantações de cana ocupam apenas seis milhões, contra 34 milhões dos cultivos de milho e soja e 220 milhões da pecuária.
“Há um embate extremamente difícil. Grande parte dos europeus ainda acredita que a utilização do etanol como biocombustível não é sustentável. Está sendo feito um grande esforço para esclarecer a população, porque a opinião pública não está totalmente conquistada. Vamos incentivar as pessoas a questionar os argumentos apresentados pela mídia”, declarou Souza.
Pacheco lembrou que o fator determinante para a opção européia é a questão ambiental, e não de diversificação de fontes, como acontece com os Estados Unidos. As metas estabelecidas pela União Europeia preveem redução de 35% da emissão de gases causadores do efeito estufa até 2010, e de 50% até 2017.
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