O ex-presidente da Bolívia Evo Morales (2006-2019) anunciou nesta quinta-feira (30/12) que pretende concorrer às eleições presidenciais deste ano representando um novo partido, o qual será registrado oficialmente nos próximos dias.
A nova legenda ainda não tem nome, mas será formada por uma dissidência do Movimento ao Socialismo – Instrumento Político pela Soberania dos Povos (MAS-IPSP), partido do qual ele foi um dos fundadores, em 1997.
A cisão dentro do MAS-IPSP aconteceu quando o atual presidente boliviano, Luis Arce, também membro do partido – e que foi ministro da economia de Evo entre 2006 e 2017 – passou a disputar a hegemonia dentro da sigla com o setor mais fiel ao ex-mandatário. A última eleição interna da legenda, realizada em 2023, terminou com fortes acusações cruzadas entre evistas e arcistas.
Em maio de 2024, o Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia (TSE) reconheceu Grover García, aliado de Arce, como verdadeiro presidente do MAS-IPSP, situação que não levou ao fim da disputa, pelo contrário, aprofundou o conflito interno do partido, após a nova direção partidária excluir Evo e seus aliados da executiva.

Ex-presidente boliviano tem se reunido com diversos líderes sociais e regionais para formar seu novo partido
A disputa partidária envolve a indicação de quem será o candidato governista nas eleições presidenciais da Bolívia, cujo primeiro turno ocorrerá no próximo mês de agosto – caso haja um segundo turno, será em outubro.
Porém, a perda de hegemonia no partido não é o único obstáculo de Evo. O ex-presidente tramita um pedido no Tribunal Constitucional para que seja revertido um decreto de 2023 que o torna inelegível.
O MAS-IPSP, liderado pelo setor arcista, trabalha com a hipótese de lançar a candidatura de Arce à reeleição, mas não descarta a possibilidade de que seu representante seja o atual presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, já que o mandatário vem apresentando uma queda acentuada em sua popularidade desde meados de 2024.
Em pesquisa publicada nesta sexta-feira (31/01) pela consultora Claure, Andrónico Rodríguez aparece com 16% das intenções de voto, apenas um ponto à frente do ex-militar Manfred Reyes Villa, y dois pontos acima do médico, empresário e pastor evangélico Chi Hyun Chung. Luis Arce aparece com 2% das intenções de voto. A pesquisa não mediu as intenções de voto em Evo Morales, alegando que ele está inelegível.