Quinta-feira, 10 de julho de 2025
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O jornal espanhol El País revelou, neste domingo (29/06), uma tentativa de golpe contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro. De acordo com áudios divulgados pelo veículo, o ex-ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Álvaro Leyva, buscou apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para destituir o líder colombiano do cargo e substituí-lo por sua vice, Francia Márquez.

Afastado do governo em janeiro de 2024, o ex-ministro tentou se aproximar do Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, com o objetivo de articular uma “pressão internacional” para provocar a queda de Petro. O governo Trump não demonstrou interesse em apoiar a empreitada, diz a reportagem.

Em uma das gravações vazadas, Leyva afirma: “temos que tirar esse cara de lá. Ele não pode presidir as eleições de 2026. A ordem pública se acabou. Isso não pode acontecer.” O ex-chanceler também teria sugerido o uso de meios “armados e não armados” para executar o plano. Em Madri, ele não respondeu à reportagem.

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“O Estado não é hereditário”

O presidente Petro respondeu às denúncias em sua conta na plataforma X. Ele classificou a tentativa de golpe como parte do comportamento histórico da oligarquia colombiana.

Petro acusou Leyva de querer transformar o Estado em um patrimônio de família e afirmou que o ex-ministro passou a atacá-lo depois que ele se recusou a nomear o filho do ex-chanceler para um cargo diplomático. “O caso Leyva me faz pensar que a conduta da oligarquia — à qual ele pertence — é de dois pesos e duas medidas. Veem o Estado como hereditário, como um direito de fazer negócios com o tesouro público”, escreveu o presidente colombiano.

Petro afirmou ter confiado a chancelaria a Leyva com base em sua trajetória em processos de paz, mas disse que, ao conhecê-lo melhor, percebeu que ele também “buscava outras coisas com a paz, menos sagradas”. O líder colombiano criticou o comportamento “lobista” do filho de Leyva, que teria se aproveitado da função do pai para frequentar reuniões oficiais no exterior sem fazer parte das delegações.

“O Estado não é hereditário”, afirma Gustava Petro
Governo da Colômbia / Flickr

Difamação

“Com o passar do tempo, não quis aceitar passos obscuros na chancelaria, como o caso de Thomas e Gregg, pelo qual o gabinete do procurador-geral o sancionou; nem queria que seu filho ocupasse a chancelaria ou uma embaixada, como se a democracia fosse hereditária. A nomeação de Laura Sarabia e Benedetti o encheu de ódio”, apontou.

O Ministério Público colombiano afastou Leyva do governo, após acusá-lo de cancelar uma licitação para a emissão de passaportes, sem nenhuma fundamentação técnica. A única empresa que restava no processo era a Thomas Greg & Sons de Colombia SA.

Sobre a campanha de difamação do ex-chanceler, que o acusa de ser viciado em drogas, Petro ironizou: “chorei no meu discurso que fiz em ‘La Moneda’, não tinha estado lá e estava comemorando o 50º aniversário do golpe de Allende, suponho que seja por isso que fala de comportamentos estranhos, questões do meu vício em liberdade”.

“Seu filho não precisava nos acompanhar em nossos passeios, ele não estava bem, era um lobista de negócios que se aproveitava do cargo público de seu pai”, reiterou.

“Consciência tranquila, mente clara”

A vice-presidente Francia Márquez também se pronunciou neste domingo (29/06), negando qualquer envolvimento no suposto complô. “Não existe a possibilidade de que eu tenha participado de conspirações. Tenho a consciência tranquila, a mente clara e o coração firme”, disse. Ela reafirmou seu respeito à ordem constitucional e sua lealdade ao presidente Petro.

Márquez rejeitou os rumores de que poderia ter sido beneficiária da conspiração e afirmou que sua dignidade “não é negociável”. “Não permitirei que meu nome seja usado para alimentar interesses particulares ou brigas”, completou. Embora tenha se afastado politicamente de Petro nos últimos meses, a vice-presidente garantiu que seguirá cumprindo seu mandato até o fim.

Com TeleSur e El País.