O ex-presidente do Panamá, Martin Torrijos, acusou nesta sexta-feira (13/07) o atual governo de utilizar a Justiça para perseguir e desarticular a oposição política ao apresentar denúncia contra um juiz da Suprema Corte, informou o jornal panamenho Prensa.com e a rede muntiestatal Telesur.
O magistrado Abel Zamorano foi acusado por Torrijos de abuso de autoridade pela sua atuação no caso Cemis, processo no qual o ex-presidente é acusado de ter sido subornado para promover um contrato milionário enquanto exercia cargo de deputado e de dirigente do Partido Revolucionário Democrático em 2002. O escândalo envolve diversos deputados que exerciam mandato na época e teve início quando o legislador Carlos Afu admitiu que assim como outros colegas, recebeu dinheiro para aprovar o projeto.
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O ex-presidente questiona a sua inclusão no processo apenas em 2010 pelo juiz, oito anos após o início das investigações, justamente quando Ricardo Martinelli, o atual presidente, assumiu o posto. “Zamorano não atuou de acordo com o direto, mas sim a partir de caprichos políticos de uma Corte que todos nós sabemos que está atuando em função dos interesses de Martinelli”, disse Torrijos que governou o país de 2004 até 2009. “O que me preocupa é como se utiliza a justiça para a perseguição política, como a justiça serve de entretenimento para o interesse do governo”, acrescentou.
Zamorano, que assumiu o caso em 2010, é denunciado também por ter convocado pessoas para depor sem aviso prévio de sua defesa.
O político panamenho assegurou que vai lutar por seus direitos e que não será utilizado pelo governo atual para desviar a atenção do povo contra os escândalos em que Martinelli está envolvido. “Não estou disposto a ser o próximo ato deste circo que monta o governo cada vez que está em apuros”, afirmou.
Torrijos, que já apresentou diversos recursos legais contra sua inclusão nas investigações, impetrou há duas semanas outro pedido de anulação, no qual argumenta que ainda possuía imunidade política quando foi denunciado por Zamorano.